
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Piauí (SINTE-PI) divulgou nesta segunda-feira (1º) uma nota pública repudiando o protocolo de observação de sala de aula elaborado pela Secretaria de Estado da Educação (SEDUC-PI). Segundo a entidade, o documento, apresentado como parte da formação continuada e da gestão democrática, esconde na prática uma política de controle pedagógico e fiscalização velada do trabalho docente.
A proposta estabelece observações presenciais com registros formais e protocolos rígidos. Para o sindicato, isso equivale a uma avaliação funcional indireta, sem garantias de imparcialidade ou proteção aos professores.
A análise do SINTE-PI aponta que a medida gera um cenário de insegurança para os profissionais da educação. O documento promove uma padronização forçada das práticas pedagógicas, ignorando a diversidade de contextos escolares e limitando a liberdade de ensinar. Os dados coletados durante as observações podem ser usados de forma punitiva, comprometendo a integridade funcional dos docentes.
Além disso, a rotina escolar, já marcada por múltiplas demandas, tende a ser agravada com reuniões, registros e devolutivas que pouco dialogam com a realidade da sala de aula. O sindicato também denuncia a ausência de participação da categoria no processo de elaboração, classificado como vertical e autoritário. Outro ponto crítico é a desvalorização docente, já que o professor, em vez de reconhecido como protagonista do processo educativo, é tratado como objeto de análise, desconsiderando sua experiência e saber pedagógico.
Na nota, o sindicato reforça que formação não se faz com pranchetas e escalas, mas com diálogo, valorização e respeito à autonomia pedagógica. O SINTE-PI exige a imediata suspensão da implementação do protocolo de observação, a abertura de mesas de negociação com participação do sindicato e escuta ativa dos professores, além da reformulação das políticas de formação com base na valorização da prática docente e na construção coletiva.
Para a entidade, a medida fragiliza a relação de confiança entre Estado e profissionais da educação. “A educação pública de qualidade se constrói com confiança, não com desconfiança. Com liberdade, não com vigilância. Com respeito, não com imposição”, afirma o sindicato.