
O Ministério da Saúde informou que está acompanhando de perto os casos de intoxicação por metanol relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas em São Paulo. Até a tarde de segunda-feira (29), três mortes foram confirmadas por laboratórios de toxicologia: uma na capital paulista e duas em São Bernardo do Campo.
Além dos óbitos, cinco pessoas seguem hospitalizadas por intoxicação. Entre elas, está a designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, que passou mal após consumir três caipirinhas em um bar na zona sul da capital. Ela chegou a ter convulsões e permanece sem enxergar.
Casos inéditos
Segundo o ministério, os casos apresentam um padrão atípico. Até então, intoxicações por metanol eram, em sua maioria, associadas a pessoas em situação de vulnerabilidade que ingeriam álcool adulterado, muitas vezes vendido em postos de gasolina. Desta vez, as vítimas foram contaminadas por bebidas consumidas em ambientes sociais, como bares, e em diferentes tipos de destilados, incluindo gin, whisky e vodka.
O ministério alerta para a possibilidade de haver casos ainda não notificados, devido ao caráter inédito da situação.
Ações das autoridades
Diante do cenário, todas as unidades de saúde, especialmente da rede de urgência e emergência, foram orientadas a seguir protocolos de notificação para intoxicações exógenas. Paralelamente, órgãos de defesa do consumidor e fiscalização estão sendo acionados para orientar fornecedores e reforçar a inspeção de bebidas alcoólicas.
O bar onde Radharani consumiu as caipirinhas foi alvo de ação da Polícia Civil, que apreendeu cerca de 100 garrafas de bebidas destiladas suspeitas de adulteração. Todo o material passará por análise laboratorial para identificação de metanol.
Rodolpho Ramazzini, diretor de comunicação da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), alertou que a substância usada nas bebidas pode ser a mesma importada por organizações criminosas para adulterar combustíveis, evidenciando a entrada do crime organizado no setor de bebidas.
Intoxicação por metanol
A ingestão de metanol é extremamente perigosa, pois a substância é metabolizada em produtos tóxicos, como formaldeído e ácido fórmico, que podem levar à morte. Os principais sintomas incluem visão turva ou perda de visão, náuseas, vômitos, dores abdominais e sudorese intensa.
O Ministério da Saúde recomenda que, ao identificar sinais de intoxicação, a pessoa procure imediatamente atendimento médico e entre em contato com serviços especializados, como:
- Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001
- CIATox da sua cidade: contatos disponíveis em site oficial do Ministério da Saúde
- Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733
O ministério reforça que pessoas que tenham consumido a mesma bebida devem procurar avaliação médica imediata, pois o atraso no atendimento aumenta significativamente o risco de complicações graves e óbito.