
Em meio a uma escalada de tensão política, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), conseguiu abrir a sessão ordinária desta quarta-feira (6/8), às 22h30, mesmo diante da resistência de parlamentares da oposição que, desde a noite anterior, ocupavam o plenário em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A sessão estava prevista para começar às 20h30min, mas o acesso dos deputados foi impedido por parlamentares contrários ao governo federal, que mantinham a ocupação das mesas diretoras desde a manhã de terça-feira (5). O ato tinha como objetivo obstruir os trabalhos legislativos e pressionar pelo fim da medida judicial que colocou Bolsonaro em prisão domiciliar.
Após intensas negociações e reuniões com líderes partidários, Hugo Motta deixou a sala da presidência da Câmara e se dirigiu ao plenário. Ao tentar assumir a cadeira central da mesa diretora, foi impedido inicialmente pelo deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS), líder do Novo. Van Hatten estava sentado no lugar reservado ao presidente da Casa e recusou-se a se levantar.
Minutos depois, com reforço da base governista e após um acalorado bate-boca entre os parlamentares, Motta conseguiu assumir o posto. A Polícia Legislativa foi acionada para garantir a segurança no plenário, o que aumentou ainda mais a tensão no ambiente.
Já no comando da sessão, o presidente da Câmara fez um pronunciamento cobrando respeito às instituições e ao funcionamento regular da Casa. “A Câmara dos Deputados é espaço do debate, mas não da intimidação. Vamos retomar os trabalhos com serenidade, respeitando o regimento e o mandato de cada parlamentar”, afirmou.
Motta ainda afirmou que a democracia “não pode ser negociada”. “Não podemos deixar que projetos pessoais e até projetos eleitorais possam estar à frente do que é maior que todos nós: o nosso povo”, disse Motta.
A reabertura da sessão, no entanto, não pacificou o ambiente. O plenário permaneceu tumultuado, com gritos e trocas de acusações entre os blocos governista e oposicionista. Nos corredores, líderes partidários buscavam uma saída para a crise que, mais uma vez, escancara o clima de instabilidade política que domina o Congresso Nacional.
Correio Braziliense