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“Venda da BR Distribuidora foi um assalto”, diz Deyvid Bacelar

247 – Em entrevista ao Boa Noite 247, Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), afirmou que o leilão de blocos do pré-sal a partir de 2016 resultou em uma entrega “criminosa” da soberania energética do país, em especial após o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Ele concentrou suas críticas na concessão do bloco Bumerangue, na Bacia de Santos, à petroleira britânica BP, que ofereceu apenas 5,9% do excedente de óleo à União.

“Ataque à soberania energética”

Bacelar destacou que a notícia divulgada recentemente pela BP, sobre a descoberta de uma grande reserva de petróleo no bloco leiloado em 2022, representa risco à soberania nacional. “A FUP vem denunciando a negatividade desses leilões já há algum tempo. E, infelizmente, esses leilões ganharam uma aceleração maior desde 2016, quando tivemos o golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff”, afirmou.

E, infelizmente, esses leilões ganharam uma aceleração maior desde 2016, quando tivemos o golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff”, afirmou.

Segundo ele, a mudança no modelo de partilha do pré-sal, promovida após o impeachment, retirou da Petrobras a função de operadora única e abriu espaço para o avanço de petroleiras internacionais. “O modelo foi alterado. A Petrobras deixou de ser operadora única dos campos do pré-sal, com pelo menos 30% de participação, desmontaram o conteúdo nacional e mudaram o fundo soberano. E além disso, os leilões foram acelerados.”

Bacelar lembrou que “51% de tudo foi para as petrolíferas internacionais”, incluindo a BP, no governo Bolsonaro. Ele criticou o leilão do bloco Bumerangue: “A BP só ofereceu 5,9% do óleo lucro para a União. Ela deu um bônus mísero de R$ 8,8 milhões. Completamente diferente do que a Petrobras fez nos leilões com óleo lucro de até 61% e bônus superiores a R$ 200 milhões”.

Interesse estrangeiro e transição energética abandonada

O dirigente da FUP apontou contradições no comportamento recente da BP. “A BP utilizava muito esse marketing ambiental. Chegou a algo próximo de 10% de todo o seu investimento voltado à transição energética. Agora, com essa guinada no mundo, principalmente com o governo Trump — e a Inglaterra sendo parceira dos EUA — os acionistas forçaram a empresa a voltar quase que exclusivamente para petróleo e gás.”

Ele também alertou que o bloco entregue à BP pode conter reservas importantes, mas sem valor estimado preciso. “Eles colocaram como a maior reserva dos últimos 25 anos, mas contraditoriamente disseram que tem muito CO2. E quem tem a tecnologia de captura de carbono é a Petrobras”, explicou.

“Se fosse a Petrobras, a história seria outra”

Ao comentar a comemoração do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre a descoberta, Bacelar foi enfático: “Se fosse a Petrobras, o óleo lucro para a União seria maior. O bônus seria maior. As plataformas seriam construídas aqui, gerando emprego e renda no Brasil. Então a diferença é substancial”.

Ele reafirmou o princípio da FUP de independência em relação a qualquer governo. “Fazemos essa crítica a partir do movimento sindical, mesmo num governo que ajudamos a eleger. Porque é nosso dever alertar sobre os erros que afetam a soberania do país.”

“Não há como confiar na segurança da BP”

A questão ambiental também foi destacada. Bacelar demonstrou preocupação com a segurança das operações da BP. “A Petrobras tem a melhor tecnologia do mundo em águas profundas e ultraprofundas. Já a BP foi a causadora de um grande acidente no Golfo do México. Então, sinceramente, eu não consigo garantir a segurança das operações da BP.”

Ele alertou que a BP poderá buscar a Petrobras para viabilizar a exploração no bloco. “Talvez queiram uma parceria, porque quem tem a tecnologia é a Petrobras. Mas essa transferência tecnológica não é justa. Foi desenvolvida com investimentos bilionários, com trabalho dos nossos pesquisadores, nas universidades públicas e no Centro de Pesquisas da Petrobras.”

Por fim, Bacelar defendeu que a Petrobras utilize os lucros do petróleo não apenas para a extração, mas para reinvestimento em energias renováveis e projetos com comunidades locais. “Não podemos fazer como essas empresas, que usam a renda do petróleo apenas para especulação ou reinvestimento em óleo e gás. Defendemos uma transição energética justa, com diálogo com os trabalhadores e povos originários.” Assista:

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