
Trump diz que Lula pode falar com ele “a qualquer momento” e impõe tarifa de 50% sobre produtos brasileiros
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode entrar em contato com ele “a qualquer momento” para discutir questões comerciais entre os dois países. “Ele pode me ligar a hora que quiser”, declarou Trump, ao ser questionado por jornalistas sobre as recentes tensões bilaterais. “Vamos ver o que acontece”, acrescentou, sem detalhar os termos em negociação.
Apesar do discurso de defesa da soberania nacional adotado por Lula, o governo brasileiro tem buscado reabrir os canais de diálogo com Washington e avanços tímidos até esta semana. Na última quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, esteve em Washington para uma reunião com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, sinalizando uma possível retomada das conversas diplomáticas.
O encontro ocorreu no mesmo dia em que Trump assinou um decreto impondo tarifas de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos. A medida, segundo ele, é uma resposta ao que classificou como “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar da rigidez, o decreto excluiu setores estratégicos como aviação, energia e suco de laranja das tarifas mais severas.
Durante a entrevista, Trump justificou a decisão dizendo que os atuais dirigentes do Brasil “fizeram a coisa errada”, sem especificar a quais ações se referia.
No informativo que acompanha o decreto, o governo norte-americano associou diretamente as tarifas ao processo judicial contra Bolsonaro, acusado de tramar um golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022. O ex-presidente brasileiro é réu em ações que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Coincidentemente, no mesmo dia, os Estados Unidos anunciaram sanções contra o próprio ministro Moraes, alegando violações aos direitos civis e à liberdade de expressão, além de autorizações para detenções consideradas arbitrárias.
Procurado para comentar as declarações de Trump, o Palácio do Planalto não emitiu nota oficial. Uma fonte do governo, sob condição de anonimato, informou que não há conversas ou tratativas em curso com Washington neste momento, e que qualquer iniciativa dependerá de uma decisão direta do presidente Lula.