O Ministério Público do Piauí (MPPI) denunciou Natanael Ribeiro de Moraes, treinador de futebol de categorias de base e líder religioso, por abusos sexuais contra pelo menos 12 jovens e adolescentes, a maioria menores de idade. Os crimes, segundo a promotoria, ocorreram entre 2014 e 2023, nos âmbitos esportivo e religioso, em Parnaíba (PI). Natanael está preso desde 12 de maio deste ano na Penitenciária Mista de Parnaíba.
De acordo com a denúncia, o acusado manipulava as vítimas, todas do sexo masculino, utilizando a relação de confiança estabelecida como treinador e líder de uma célula de uma igreja evangélica local. Ele se apresentava como “pai espiritual”, apelando para narrativas bíblicas, como a relação entre Adão e Deus, para justificar comportamentos abusivos e buscar maior intimidade com as vítimas. Em um dos relatos, Natanael tentou convencer uma vítima a tomar banho com ele, pedido que foi recusado.
No ambiente esportivo, o treinador exigia ser chamado de “pai” pelos jogadores, reforçando uma dinâmica de controle. A denúncia aponta que Natanael desencorajava relacionamentos amorosos das vítimas, com o objetivo de mantê-las sob sua influência. Uma das vítimas relatou ter sido proibida de manter um relacionamento com outra pessoa.
Durante a pandemia, entre 2020 e 2021, o acusado teria intensificado os abusos por meios digitais. Segundo o MPPI, Natanael exigia que uma das vítimas se masturbasse em chamadas de vídeo, sob o pretexto de que tais atos “destravariam” bênçãos na igreja e na vida pessoal. Em outros casos, ele solicitava que as vítimas aparecessem nuas em videochamadas ou se masturbassem, alegando que isso seria necessário para “vencer o pecado da pornografia”. Além disso, pelo menos três vítimas foram coagidas a enviar fotos apenas de cueca, sob a justificativa de “avaliações físicas”.
A promotoria destaca a gravidade dos atos, que exploravam a vulnerabilidade dos jovens, muitos deles menores de idade, em contextos de autoridade esportiva e religiosa. O caso foi encaminhado à Justiça, e as investigações seguem em andamento para apurar a extensão dos crimes.
O MPPI reforça que denúncias de abuso sexual podem ser feitas anonimamente pelo Disque 100 ou em delegacias especializadas, garantindo a proteção das vítimas. As identidades das vítimas estão preservadas, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).