
A cirurgia metabólica, que surgiu inicialmente como procedimento bariátrico para obesidade, tem se destacado como uma estratégia eficaz no controle do diabetes tipo 2 (DM2). Além da redução de peso, a intervenção proporciona melhora significativa no controle da glicemia, permitindo a diminuição e, em muitos casos, a suspensão do uso de medicamentos.
Embora tradicionalmente indicada para pacientes com obesidade grave, estudos recentes mostram que pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) mais baixo também podem se beneficiar, especialmente quando o diabetes não responde adequadamente ao tratamento clínico.
Como a cirurgia atua no diabetes
O diabetes tipo 2 é uma doença crônica caracterizada pela dificuldade do corpo em utilizar a insulina e, com o tempo, pela queda na produção do hormônio. O tratamento convencional envolve mudanças de hábitos, medicação e, em alguns casos, insulina. No entanto, nem todos os pacientes conseguem manter o controle glicêmico, o que aumenta o risco de complicações cardiovasculares, renais e neurológicas.
A cirurgia metabólica combina técnicas que alteram o estômago e o intestino, promovendo emagrecimento e auxiliando no controle da glicose. Entre os efeitos estão a melhoria da ação de hormônios, alterações na flora intestinal, modificação do trânsito da bile e redução da gordura corporal. Entre os procedimentos mais comuns estão o bypass gástrico, a gastrectomia vertical (sleeve) e a derivação biliopancreática. Em muitos casos, a melhora da glicemia ocorre antes mesmo da perda de peso significativa.
Indicações ampliadas
Inicialmente, a cirurgia era indicada apenas para pacientes com IMC acima de 40, ou 35 quando havia comorbidades associadas. Hoje, consensos internacionais sugerem considerar o procedimento para pessoas com IMC a partir de 30 que apresentam diabetes tipo 2 de difícil controle. Em algumas populações, como a asiática, o limite pode ser de 27,5. Pesquisas também apontam benefícios para pacientes com IMC inferior a 30 em casos de descompensação glicêmica grave.
Estudos indicam que até 65% dos pacientes podem alcançar remissão do diabetes em até um ano, com redução média de 2,1% na hemoglobina glicada. Em alguns casos, mais de 70% dos pacientes deixam de usar insulina ou outros medicamentos.
Resultados rápidos e efeitos positivos
A melhora no controle glicêmico pode ser percebida nos primeiros dias ou semanas após a cirurgia, principalmente devido ao aumento do hormônio GLP-1. Além da glicose, também são observados benefícios no colesterol, pressão arterial, apneia do sono, níveis de energia e disposição física.
Os efeitos da cirurgia metabólica vão além da perda de peso, envolvendo alterações hormonais e metabólicas que impactam diretamente o diabetes. A escolha pelo procedimento deve ser individualizada, considerando riscos cirúrgicos e a necessidade de acompanhamento multidisciplinar a longo prazo. Para pacientes que não alcançam resultados satisfatórios com tratamento clínico, a cirurgia metabólica representa uma alternativa eficaz, capaz de melhorar a qualidade de vida e reduzir complicações associadas ao diabetes tipo 2.