
A Secretaria de Segurança Pública do Piauí anunciou a conclusão do inquérito policial que investigava o sequestro ocorrido no município de Monsenhor Gil. A ação criminosa, que mobilizou diferentes forças de segurança do estado, resultou no resgate da vítima, prisão de sete envolvidos e morte de dois suspeitos em confronto com a polícia. A operação também expôs a conexão dos criminosos com facções organizadas e levou à deflagração da Operação Nazária, que mira a atuação do crime organizado na região.
Logo após o registro do sequestro, a Secretaria determinou uma força-tarefa envolvendo Polícia Civil, Polícia Militar e setores de inteligência. Em ação rápida, os agentes localizaram o cativeiro, situado na zona rural da cidade de Nazária, e libertaram a vítima. No mesmo dia, quatro suspeitos foram detidos: três adultos e um adolescente. Outros dois envolvidos morreram após entrarem em confronto armado com os policiais.
Segundo a polícia, o mentor do crime, identificado como Ítalo, havia fugido para Campinas (SP), onde já tinha passagem anterior. Com apoio das forças de segurança de São Paulo, em especial da ROTA, o foragido foi localizado e preso. “Foi um trabalho técnico, coordenado, que conseguiu individualizar a participação de cada criminoso, desde o apoio logístico até os responsáveis pelo cativeiro”, afirmou um dos investigadores.
Com o inquérito encerrado, oito pessoas foram formalmente responsabilizadas pelo crime. O Estado agora articula o recambiamento de Ítalo para o sistema prisional piauiense. “Nosso sistema é organizado e tem condições de custodiar esse criminoso com segurança”, declarou o representante da Segurança Pública.
Operação Nazária intensifica combate ao crime
Paralelamente à conclusão do inquérito, a Secretaria deflagrou a Operação Nazária, uma ação do programa Pacto pela Ordem, que visa restabelecer a segurança em áreas afetadas pela criminalidade organizada. A ofensiva, antecipada por ordem do secretário Chico Lucas e do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Scheyvan Lima, teve como foco principal a região de Nazária, palco recente de sequestros, assaltos a veículos e homicídios.
A operação mobilizou equipes da Polícia Civil, Polícia Militar, inteligência e suporte aéreo. Ao todo, foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão e 12 mandados de prisão. “É uma ação fundamental para devolver a paz social àquela comunidade”, afirmou a coordenação da operação.
Facções: rituais, aliciamento e o avanço sobre jovens
As investigações também revelaram a ligação dos envolvidos com facções criminosas, cuja atuação no estado tem se intensificado nos últimos anos. De acordo com a Secretaria, os criminosos passam por um “batismo”, espécie de ritual de iniciação em que são apresentados aos estatutos e cartilhas da facção. Cada membro recebe uma “matrícula”, semelhante a um CPF interno, além de um codinome utilizado nas atividades ilícitas.
O descumprimento das regras internas pode levar à submissão a “tribunais do crime”, com punições que vão desde tortura até execuções. “É um sistema disciplinar interno, violento e altamente organizado”, destacou um dos porta-vozes da segurança pública.
Estudos realizados pela Secretaria mostram como o perfil de aliciados por facções mudou ao longo dos anos. Inicialmente voltado a homens presos em São Paulo, o recrutamento se expandiu para mulheres, jovens e até menores de idade. “Desde 2021, identificamos uma presença cada vez maior de meninas e adolescentes nesses grupos. Mas o Piauí tem uma metodologia eficiente de combate à criminalidade, que atua na estrutura piramidal dessas facções. Não importa se é homem ou mulher, maior ou menor: todos serão responsabilizados”, concluiu.