
O secretário de Finanças de Teresina, Edgar Carneiro, foi o primeiro a prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga supostos desequilíbrios nas contas da prefeitura. Durante a oitiva realizada nesta quarta-feira (9), ele revelou que o município destina aproximadamente R$ 25 milhões todos os meses apenas para quitar dívidas contraídas por gestões anteriores, principalmente relacionadas a empréstimos.
Segundo Edgar, o levantamento total desses débitos ainda está em andamento, mas ele acredita que a atuação da CPI pode colaborar significativamente para esclarecer pontos ainda nebulosos da contabilidade municipal.
“São muitos contratos e obrigações de diferentes naturezas. Estamos dividindo esse esforço entre nossa equipe, a Câmara Municipal, a Controladoria e o Tribunal de Contas. Essa CPI pode ser decisiva para dar transparência e construir uma visão clara da real situação financeira da prefeitura”, explicou o secretário.
A sessão foi considerada produtiva por parlamentares. O vereador Dudu (PT), integrante da comissão, classificou o depoimento como “esclarecedor” e afirmou que já surgem contradições entre os dados apresentados por Edgar e as declarações anteriores feitas pelo prefeito Silvio Mendes.
“O secretário trouxe informações importantes, e isso nos permite começar a confrontar versões. Um ponto que nos chamou a atenção foi a interrupção dos repasses, entre outubro e dezembro, a empresas terceirizadas. Se hoje esses contratos estão sendo pagos normalmente, por que não foram honrados naquele período?”, questionou o parlamentar.
Outro tema que gerou debate foi a situação financeira do Instituto de Previdência dos Servidores Municipais de Teresina (IPMT). Segundo Dudu, o órgão tem sido injustamente citado como deficitário.
“O prefeito mencionou um rombo de R$ 500 milhões no IPMT, mas o que ouvimos hoje foi exatamente o oposto. De acordo com o secretário, o Instituto está superavitário, com saldo positivo acima de R$ 200 milhões, podendo alcançar R$ 500 milhões nos próximos meses. Isso desmonta completamente o discurso do déficit”, criticou o vereador.
Dudu ainda apontou precipitação por parte do prefeito ao divulgar informações sem respaldo técnico.
“Anunciar um rombo antes de concluir as auditorias é, no mínimo, imprudente. Se havia tanta urgência, por que essas apurações não foram finalizadas de forma célere? O que temos agora é a confirmação de que os pagamentos estão ocorrendo normalmente”, concluiu.
As atividades da CPI terão continuidade nas próximas semanas, com a convocação de ex-gestores, servidores e especialistas ligados à área financeira da administração municipal. Um relatório parcial com os primeiros achados deve ser apresentado nos próximos meses.