
O Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, celebrado em 15 de junho, é um momento importante para refletir sobre os desafios enfrentados por essa parcela da população. Instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data integra a campanha do Junho Violeta, mês dedicado à sensibilização sobre os diversos tipos de violência que atingem pessoas com 60 anos ou mais.
Segundo a delegada Cassandra de Moraes Souza, titular da Delegacia de Proteção ao Idoso em Teresina (PI), o número de denúncias vem crescendo, o que exige uma maior conscientização da sociedade sobre o tema. De janeiro a maio de 2025, a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) registrou 6.345 boletins de ocorrência relacionados à violência contra idosos, um número que se aproxima dos 6.462 registros feitos em 2024. A delegada destaca que este aumento não significa, necessariamente, mais casos de violência, mas uma maior disposição das pessoas em denunciar.
Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos apontam que a negligência é a principal forma de violência sofrida pelos idosos no Brasil, representando 17,51% das denúncias feitas em 2024. Em seguida, aparecem a exposição ao risco à saúde (14,68%), a tortura psíquica (12,89%) e os maus-tratos (12,20%).
A delegada Cassandra de Moraes Souza alerta para o crescente número de golpes financeiros, principalmente os que envolvem assinaturas eletrônicas fraudulentas. Um dos golpes mais comuns em 2025 consiste em obter uma selfie do idoso, muitas vezes sob o pretexto de uma “prova de vida”, para abrir contas ou contrair empréstimos.
“Por vezes, o idoso não sabe que aquela foto selfie que está fornecendo é a assinatura eletrônica dele. Às vezes, esse idoso está sozinho em casa e chega um estranho se passando por um servidor público, alegando que está realizando uma prova de vida. O estelionatário pede os dados para fazer uma suposta atualização, tira a foto do idoso e, pronto, começa a aplicar os golpes. Por isso é importante que os familiares orientem esse idoso, para que ele não forneça seus dados para estranhos”, comenta a delegada.
Um dado preocupante é que, na maioria dos casos, a violência ocorre no próprio ambiente familiar, onde o idoso deveria encontrar acolhimento e proteção. O medo, a dependência emocional e física, além da vergonha, muitas vezes impedem a vítima de ir à delegacia fazer a denúncia.Por isso, é fundamental que a população, seja alguém que veja ou um vizinho, denuncie qualquer indício de maus-tratos. A denúncia pode ser feita de forma anônima, por meio do Disque 100, um canal nacional, do Governo Federal.