
A Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal, expôs um esquema que envolve diretamente Thiago Rodrigues de Faria, assessor jurídico do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
Documentos da investigação apontam que ele participou de negociações com a Gmais Ambiental, empresa considerada de fachada e supostamente controlada pelo delegado da própria PF Rodrigo Teixeira e pelo lobista Gilberto Carvalho, ambos já presos e com vínculos políticos com o PL mineiro.
Lotado no gabinete de Nikolas em Brasília, Rodrigues foi identificado como intermediário em um contrato de compra e venda de uma lavra minerária em Ouro Preto, no distrito de Rodrigo Silva, área de alto risco ambiental sob monitoramento do Ministério Público Federal (MPF).
A operação previa ganhos vultosos, estimados entre US$ 30 milhões e US$ 45 milhões, distribuídos em fatias de 25% para Thiago Rodrigues, 50% para a Gmais e 25% para o escritório Estabil Contabilidade.
As provas reunidas pela PF mostram que o contrato foi redigido com a participação direta do assessor de Nikolas, que ainda criou em abril de 2024 um grupo de WhatsApp batizado de “Projeto Ferro”, usado para articular os termos do negócio com Gilberto Carvalho e outros envolvidos. Em conversas interceptadas, Rodrigues solicitava encontros com alguém identificado como “R”, que os investigadores acreditam ser Rodrigo Teixeira.
O último, inclusive, já atuou como assessor de Uner Augusto, suplente de Nikolas na Câmara Municipal de Belo Horizonte, e manteve relações estreitas com o PL, tendo tido o próprio Nikolas como cabo eleitoral quando disputou a presidência do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (Crea-MG).
Carvalho ainda desempenhou papel relevante na campanha municipal de 2024, assessorando a coronel Cláudia Romualdo, vice na chapa de Bruno Engler (PL). A PF o descreve como lobista com forte influência em instâncias legislativas e administrativas. Já Rodrigo Teixeira, ex-diretor do Serviço Geológico Brasileiro, é investigado por movimentações ocultas no setor de mineração, utilizando empresas de fachada para se aproximar de empresários suspeitos de crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Thiago Rodrigues, por sua vez, confirmou que recebeu a proposta para intermediar a venda, mas sustentou que sua atuação respeitou a legalidade e os limites de sua profissão. As investigações, no entanto, revelam um enredo em que a proximidade entre o assessor de Nikolas e os investigados da Operação Rejeito lança dúvidas sobre a linha que separa atividades privadas e conexões políticas, evidenciando um novo capítulo da promiscuidade entre interesses empresariais, redes de lobby e figuras da extrema direita brasileira.