Uma pesquisa realizada pela empresa Ágora Pesquisa, contratada pelo Instituto Não Aceito Corrupção (Inac), revelou que 54% dos eleitores brasileiros afirmam ter vivenciado ao menos uma tentativa de compra de votos nos últimos dez anos. O levantamento, que ouviu 2.026 eleitores de diferentes regiões, classes sociais e gêneros, foi conduzido entre março e maio deste ano.

Segundo a pesquisa, 62% dos entrevistados conhecem alguém que já trocou o voto por dinheiro. Esses dados ressaltam a prevalência da corrupção eleitoral no Brasil, uma prática que é amplamente repudiada pela população. O presidente do Inac e procurador de Justiça em São Paulo, Roberto Livianu, comentou que os resultados evidenciam um desafio significativo para a Justiça Eleitoral no país. “A compra de votos é algo real e concreto”, afirmou Livianu.

Segundo a pesquisa, 62% dos entrevistados conhecem alguém que já trocou o voto por dinheiro

Outro dado preocupante revelado pela pesquisa é que apenas 20% dos entrevistados conhecem canais de denúncia de corrupção e acreditam que funcionam. A grande maioria, oito em cada dez entrevistados, não conhece esses canais ou acredita que não são eficazes.

A pesquisa do Inac também mediu a aceitação de várias práticas corruptas, destacando que a corrupção aparece em oitavo lugar na lista de preocupações da população, sendo precedida por saúde, educação e segurança pública. A cientista política Rita Biason, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e diretora do Inac, explicou que a tolerância a determinadas práticas de corrupção está ligada à realidade econômica do país, onde a carência e a dificuldade de acesso a bens e serviços tornam algumas formas de corrupção mais toleráveis para a população.

Os entrevistados avaliaram diferentes cenários hipotéticos de corrupção. A prática considerada mais inaceitável foi o peculato, com uma média de aceitação de 1,2. Em contrapartida, a prevaricação, exemplificada por um fiscal de trânsito que relaxa uma multa em situação de emergência, foi a mais aceitável, com uma média de 5,2.

 

Fonte: Correio Braziliense

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