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Sem filtro: “Operação Faixa Rosa” desmascara influenciadoras ligadas a facção criminosa no Piauí

O que parecia só ostentação nas redes sociais era, na verdade, vitrine para o crime organizado. A Polícia Civil do Piauí, através do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), concluiu as investigações da Operação Faixa Rosa, que desvendou a atuação de um grupo criminoso formado por mulheres, muitas delas com forte presença nas redes, que usavam seus perfis para promover a criminalidade.

De acordo com a polícia, essas mulheres se passavam por influenciadoras digitais, mas por trás dos vídeos bem produzidos e dos seguidores, estavam ligadas a uma facção criminosa. Elas exibiam armas, drogas, falavam sobre ataques e faziam apologia ao tráfico, sempre de forma “estilizada”, como se fosse algo normal ou até desejável.

A operação foi iniciada em abril e, após meses de apuração, resultou em 19 pessoas indiciadas, sendo 18 presas preventivamente e uma ainda foragida.

O mais grave? Parte do público dessas influenciadoras era composta por jovens e adolescentes, que acabavam sendo impactados por esse conteúdo romantizado sobre o crime. Para a polícia, esse tipo de comportamento contribui para a glamourização da violência e pode incentivar a entrada de jovens no mundo do tráfico.

A Justiça autorizou a divulgação do material coletado durante a investigação. Entre os arquivos, estão prints, vídeos, áudios e até formulários internos da facção, com dados pessoais dos integrantes, apelidos, áreas de atuação e regras internas da organização.

Segundo o delegado Charles Pessoa, que coordena o DRACO, o grupo funcionava como um “departamento feminino” dentro da facção Bonde dos 40, com tarefas bem definidas. Algumas integrantes chegavam a planejar ataques a membros de facções rivais. “Elas tinham papel de destaque e usavam a internet como uma ferramenta de recrutamento e propaganda do crime”, explicou.

A Operação Faixa Rosa é considerada um marco no combate ao uso das redes sociais para promover o crime. A polícia alerta que esse tipo de influência tem crescido em todo o país, e que a repressão é fundamental não só para punir os responsáveis, mas também para proteger a juventude e frear essa cultura perigosa.

DOCUMENTOS APREENDIDOS REVELAM ESTRUTURA CRIMINOSA ORGANIZADA

Durante as investigações, foram apreendidos cadastros internos da facção, onde integrantes eram oficialmente registrados com nome verdadeiro, apelido (“vulgo”), comunidade de origem e atuação, referências hierárquicas e data de entrada.

Os formulários revelam um modelo de organização formalizada, com regras como: cadastro após ter entendimento do estatuto e de seus compromissos com a organização, além disso, os documentos determinavam que integrantes mantivessem seu cadastro atualizado em caso de mudança de bairro ou sistema, sob pena de sanções internas.

TRANSCRIÇÃO DE ÁUDIOS INCLUÍDOS NA INVESTIGAÇÃO

Layla Moura dos Santos Feitosa: “Cadê tu fez foi o reels dele? Manda aí.”

Eryka Carollyne: “Aí, mais três safado aí.”

Layla: “Ei, esse bicho, “réi aí mora onde é?”

Layla: “Aí dizendo aí, Cidade Nova, duas ruas 22, casa 242 é a casa deles, ou é a casa desse Breno aí de camisa branca?”Eryka Carollyne: “Ei, mãe, a casa desse Breno aí, as informações. Tá tudinho aí, foi o Arlindo.”

Eryka Carollyne: “Aí, só na maldade ele botou o endereço, ainda mostrou o jeito da casa aí, é mamão com açúcar pra derrubar todos os três.”

Paula Moura dos Santos (Vulgo Palhacinha): “Se a Ana Azevedo quiser também, todo mundo dá uma forcinha pra ela aí, pra nossa irmã aí. Pra nossa irmã está aprendendo com nós um pouco do dia a dia, aprendendo a ética do crime com nós aí, elas entraram agora, não sabe muito, né!…”

Ivana Azevedo Alves (Ana Azevedo): “Pelo contrário, em momento nenhum eu vim aqui falar nada para vocês não, entendeu! Tentei resolver com ela, somente com ela, até porque quem me deve é ela, não é nenhuma de vocês aqui. Então, todo tempo eu cheguei no direct dela, nunca vim atrás nem da madrinha pra tá falando sobre essas coisas, porque eu tentei resolver com ela. Eu sim iria levar ela para internet como vocês viram aí no print, porque eu sou uma pessoa pública e nós que somos blogueiras, algumas vezes é necessário postar algumas coisas…”

Mulher não identificada: “Certo é o certo, né, a gente se fechar, tá ligado, com emoção pensando que a organização vai estar resolvendo a vida de ninguém, vai estar resolvendo… A organização é para matar alemão, é para ganhar dinheiro, ganhar progresso parceiro, pega a visão da situação…”

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