
O PortalAtualize.com recebeu informações preocupantes sobre uma prática que vem causando estranheza até entre os próprios motoristas do transporte coletivo em Teresina: ônibus estariam sendo modificados nas garagens, com o chassi e a carroceria sendo cortados e “encurtados”, em uma espécie de adaptação improvisada.
De acordo com denúncias, essas alterações vêm sendo realizadas dentro das próprias garagens, como tentativa de recolocar veículos antigos na frota, como é o caso de alguns que já estão rodando. O problema é que esses ônibus, além de já estarem fora do prazo de validade autorizado por lei para circular no transporte público, estariam passando por modificações sem o devido controle técnico, o que pode comprometer seriamente a segurança de passageiros e condutores.
Motoristas relatam que os veículos apresentam diversos problemas: pedais de freio e embreagem sem borracha, o que pode fazer com que os pés escorreguem e provoquem acidentes; direção danificada; suspensão extremamente dura, resultado da modificação no tamanho dos veículos. Além disso, há o desconforto para quem dirige e para os passageiros.
“Além de estar fora do prazo de vida útil, um carro que passou por esse tipo de corte no chassi e adaptação de carroceria, sem autorização e sem passar por avaliação técnica adequada, não deveria estar circulando. Isso não é mais um transporte convencional, é um risco ambulante”, disse um motorista que preferiu não se identificar.
Segundo os relatos recebidos pelo portal, a empresa EMVIPI teria pelo menos quatro veículos nessa situação. A Santa Cruz contaria com dois ônibus modificados, e há informações de que a Cidade Verde também possui veículos com esse tipo de alteração ainda circulando.
O portal ouviu o posicionamento oficial dos órgãos responsáveis se procede: O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (SETUT) e a Strans – Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito.
O que diz o SETUT
O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (SETUT) informa que não reconhece, como prática autorizada ou institucionalizada, a realização de adaptações estruturais em veículos, como o encurtamento de chassis nas garagens das empresas associadas.
Toda e qualquer modificação estrutural em veículos do transporte coletivo deve, obrigatoriamente, seguir rigorosos parâmetros técnicos estabelecidos pelos órgãos competentes, especialmente pelo Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO), com a devida emissão de laudos de engenharia, atualização dos registros junto ao órgão de trânsito e vistoria técnica específica.
O SETUT destaca que:
•As empresas associadas têm o dever de assegurar que todos os veículos em circulação estejam devidamente homologados e regularizados;
•As adaptações ou reformas estruturais, quando necessárias, devem ser realizadas apenas por oficinas especializadas e credenciadas, respeitando as normas de segurança e qualidade técnica vigentes;
•A segurança dos trabalhadores e dos passageiros é prioridade absoluta. O transporte público é regido por normas que garantem a segurança veicular e a integridade de seus usuários.
– Se houvesse alguma irregularidade dessa magnitude nos ônibus, denunciada levianamente pelo Sintetro, certamente esses veículos não passariam pelo crivo do Detran.
O Sindicato reforça que qualquer irregularidade identificada pode e deve ser comunicada aos órgãos de fiscalização competentes — como a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) e o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) — para que sejam adotadas as providências cabíveis.
Por fim, o SETUT esclarece que acompanha permanentemente, dentro de suas atribuições, a atuação de suas associadas e está à disposição para colaborar com as autoridades para o completo esclarecimento dos fatos.
O que diz a STRANS
Strans informa que, a Gerência de Fiscalização de Transportes Públicos já tem informações sobre o assunto e foi até à empresa denunciada para analisar de perto, porém, foi identificado que os veículos que estão sendo modificados não fazem parte do sistema, estão na garagem e provavelmente a empresa fará a comercialização desses veículos para outros fins, no sistema de transporte público, eles não estão autorizados a ingressar em ordem de serviço.
Por Renato Bezerra