A morte do ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica, aos 89 anos, na terça-feira (13), provocou reações emocionadas e manifestações de respeito em todo o continente. Políticos de diferentes espectros ideológicos da Argentina, como Cristina Kirchner, Axel Kicillof, Mauricio Macri, Horacio Rodríguez Larreta, Martín Lousteau e Elisa Carrió, prestaram homenagens ao líder uruguaio. No entanto, o presidente Javier Milei se manteve em silêncio até o dia seguinte e, quando finalmente se pronunciou, foi para reforçar um ataque contra o histórico dirigente, relata a C5N.
A crítica se referia ao passado de Mujica como integrante do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros, grupo guerrilheiro de esquerda ativo durante as décadas de 1960 e 1970. A reação de Milei contrastou com a posição de praticamente todo o espectro político regional, que reconheceu a relevância histórica do ex-presidente uruguaio e sua trajetória posterior como símbolo de sobriedade e simplicidade no poder.
Na conversa, Mujica já alertava para os riscos associados ao surgimento de figuras que prometem mudanças radicais num contexto de transformações globais profundas. “Estamos passando por uma mudança de época que vem acompanhada de vários fatores críticos, como a perda paulatina do poder do Estado-nação e o surgimento de soluções mágicas”, disse. Para ele, o discurso de “liberdade” promovido por lideranças como Milei escondia outra realidade: “chamam de liberdade a garantia da exploração do homem pelo homem, sem qualquer tipo de freio ou regulação”.
