Dizem que, no Brasil, pra ser bom basta morrer. A partir daí, pronto! virou mito, virou referência, virou saudade.
Hoje faz 4 anos da morte do ex-prefeito Firmino Filho, e como manda o figurino, o dia é de lembrar o legado. E que legado, viu! Não falo nem obras ou prêmios — isso aí estar nos outdoors. Falo daquele estilo “zen-burocrata” que só ele tinha: ouvia todo mundo, resolvia o que dava. O que não dava… bom, pelo menos escutava. E em tempos de políticos surdos, isso já era quase um ato revolucionário.
Passei 8 anos fotografando o Firmino. Vi de perto a paciência quase budista, o famoso “Mas moço…” antes de qualquer conversa. E a arte de sair bem na foto mesmo diante de problemas ‘cabeludos’. Ele entendia que, às vezes, não é resolver — é pelo menos tentar resolver. E isso ele dominava com maestria.
Claro que, como gestor, desagradou. Tomou decisões duras. Mas qual gestor não toma? O problema é que no Piauí, muitas vezes, quem tenta governar com um mínimo de seriedade vira enigma. E foi isso que Firmino deixou: obras, lembranças e um ponto de interrogação gigante sobre sua partida.
A vida é um mistério. A política, então, é um labirinto com saída escondida atrás de acordos.
Firmino pode até ter saído de cena. Mas o legado, ah… esse segue por aí. Uns lembram com gratidão, outros com crítica. Mas todos lembram. E no fim das contas, é isso que faz um nome resistir ao tempo.
— Renato Bezerra | Jornalista que clicou o político e ouviu o homem