PUBLICIDADE

Mais de 221 mil piauienses ficarão totalmente isentos do Imposto de Renda a partir de 2026

Mais de 84 mil contribuintes do Piauí deixarão de pagar o Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) a partir de 2026, após a ampliação da faixa de isenção para quem recebe até R$ 5 mil por mês. A estimativa é do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal (CETAD) e reflete o impacto direto das mudanças aprovadas na legislação tributária.

Para o professor João Victor Souza, do departamento de Economia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), as novas regras são positivas uma vez que cerca de 93% dos piauienses ganham menos que quatro salários mínimos.  “Essa população, que até pouco tempo atrás pagava a alíquota máximo do imposto de renda, que é aproximadamente 27,5%, vai estar isenta”, destacou

Com as mudanças, o total de piauienses completamente isentos do IRPF deve saltar dos atuais 136 mil contribuintes para cerca de 221,3 mil no próximo ano. Além dos que passarão a não pagar mais o tributo, outros 47.624 contribuintes no estado, que possuem uma renda mensal entre R$ 5 mil e R$ 7,35 mil, também terão redução progressiva no valor do imposto devido.

Segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a parcela de docentes isentos do Imposto de Renda no estado vai mais que dobrar, passando de 23,1% para 47,6% com a entrada em vigor das novas regras. Outros 27,1% dos professores terão redução das alíquotas.

Entre os beneficiados estão professores da educação básica de todo o Piauí.  Segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a parcela de docentes isentos do Imposto de Renda no estado vai mais que dobrar, passando de 23,1% para 47,6% com a entrada em vigor das novas regras. Outros 27,1% dos professores terão redução das alíquotas.

Além disso, o levantamento aponta que o percentual de professores da educação básica no Piauí que ficarão sujeitos à alíquota máxima de 27,5% do IRPF deve cair de 57,1% para 25,3%, indicando uma mudança significativa no perfil de tributação da categoria.

A ampliação da faixa de isenção do IRPF foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 26 de novembro e começa a valer em 2026. A legislação mantém fora do cálculo da isenção rendimentos como ganhos de capital, heranças, doações, rendimentos recebidos acumuladamente, aplicações isentas, poupança, aposentadorias por moléstia grave e indenizações.

Também foram definidos limites para evitar que a carga tributária total ultrapasse percentuais estabelecidos, com previsão de restituição em caso de excedente na declaração anual.

“Isso é importante porque o imposto vai cumprir sua real função, que seria abster a tributação da população mais pobre e arrecadar dos populações mais ricas, promovendo assim o efeito de distribuição de renda, como não vinha acontecendo até então”, avaliou o professor.

Reformulação do sistema tributário

Segundo o economista, a ampliação da faixa de isenção deve ser compreendida como um primeiro passo dentro de um processo mais amplo de reformulação do sistema tributário. Ele avalia que a medida corrige uma distorção histórica ao aliviar a carga sobre trabalhadores assalariados de renda intermediária, mas ressalta que ainda é insuficiente para promover uma redistribuição estrutural da renda no país.

“O que se espera é que essa medida seja apenas uma etapa inicial de um processo que precisa avançar, com mudanças graduais nas alíquotas, para promover uma redistribuição mais equilibrada entre as classes. É um passo importante, especialmente para os grupos assalariados, porque a diferença entre quem ganha R$ 5 mil e quem recebe um salário mínimo não é tão expressiva, mas isso não era refletido na tabela anterior do imposto de renda”, explicou.

Redução da desigualdade ainda limitada 

Apesar dos avanços, Souza alerta que os efeitos sobre a redução da desigualdade ainda são limitados. Ele explica que a medida se concentra majoritariamente na população assalariada e não atinge de forma direta as camadas de renda mais elevada. “Grande parte da desigualdade no Brasil não está concentrada apenas na faixa de até R$ 5 mil. Para estar entre os 10% mais ricos, basta ganhar esse valor, mas a distância entre os 10% e o 1% mais rico é muito maior”, observou.

Para o economista, uma redução mais consistente da desigualdade exigiria medidas complementares. “O que foi feito agora é, em grande medida, uma correção inflacionária da tabela, que recompõe o poder de compra de quem ganhava cerca de R$ 1.900 no último reajuste. Isso, por si só, não gera um efeito definitivo de redistribuição. Para avançar de fato, seria necessário combinar a redistribuição das alíquotas do imposto de renda com a tributação de grandes fortunas”, concluiu.

Os efeitos econômicos a curto prazo

Além do efeito distributivo, o professor destaca impactos econômicos imediatos. De acordo com ele, a liberação de renda para consumo tende a estimular a demanda agregada, com reflexos positivos sobre a economia local e o mercado de trabalho. “Grande parte dessa renda, que antes era absorvida pela tributação, agora ficará disponível para o trabalhador. Isso deve estimular o consumo e, consequentemente, a produção e a geração de empregos, sobretudo no curto prazo”, afirmou.

A expectativa, segundo o economista, é que esses efeitos já sejam perceptíveis a partir de 2026. “Mesmo sem um aumento expressivo da renda nominal, haverá um crescimento significativo do consumo, justamente porque essa renda passa a estar disponível. Isso é relevante não apenas para os trabalhadores, mas também para os produtores, que passam a ter maior perspectiva de vendas e, com isso, mais estímulo para investir e contratar”, pontuou.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!

RECENTES

MAIS NOTÍCIAS