
Alice Brasil, de apenas 4 anos, morreu nesta semana após ser atingida por uma penteadeira dentro de uma sala no CEV Colégio, localizado na Zona Leste de Teresina. O caso, que gerou comoção e revolta, trouxe à tona denúncias de falta de preparo e falhas na comunicação por parte da instituição de ensino.
Em entrevista coletiva, os pais de Alice, Dayana Brasil e Cláudio Sousa, relataram o drama vivido desde o momento em que souberam do acidente até a confirmação da morte da filha. Segundo eles, a escola não os informou imediatamente sobre o ocorrido, e as informações só chegaram por meio de uma professora do turno da manhã que, por acaso, estava deixando o local.
“Ela me ligou dizendo que algo havia acontecido com a Alice. Falou que ela tinha sofrido um acidente e que estavam levando para a UPA do Satélite. A ligação caiu, e eu pedi que levassem para o hospital da Unimed, onde temos plano de saúde. Mas insistiram em ir para a UPA, por ser mais perto”, contou Dayana.
Ao chegar à unidade de saúde indicada, Dayana descobriu que a filha não havia dado entrada no local. Sem saber exatamente onde a menina estava sendo atendida, ela começou a ligar desesperadamente para os professores do turno da tarde, mas ninguém atendeu. A confirmação veio apenas mais tarde, quando uma professora informou que a criança estava sendo socorrida dentro de uma ambulância, que havia sido interceptada no caminho para a UPA.
“Minha filha foi retirada da escola sem minha autorização. Eu soube do acidente por terceiros. Quando encontrei a ambulância, estavam tentando reanimar minha filha na rua, dentro do veículo. Não me deixaram entrar, só diziam que o médico falaria comigo. Eu perguntava se ela estava consciente, se tinha falado com alguém… mas ninguém respondia”, relatou a mãe.
Cláudio, pai de Alice, chegou pouco depois e, junto com Dayana, entrou na ambulância. Lá, presenciaram as últimas tentativas da equipe médica para salvar a menina.
“Foi a cena mais dolorosa que alguém pode viver. Pediram para que saíssemos, porque nossa presença poderia atrapalhar. Pouco depois, nos informaram que ela não resistiu”, disse Dayana, visivelmente emocionada.
Além do luto, agora a família enfrenta o desafio de explicar ao irmão gêmeo de Alice a ausência repentina da irmã.
“Vou ter que tirar uma cama do quarto, guardar as roupas, reorganizar a rotina. Tudo na nossa casa era para dois. E ele vai ter que lidar com essa ausência sem entender o porquê. Nem eu consigo entender.”
A escola divulgou uma nota pública em que afirma estar colaborando com as autoridades e prestando apoio psicológico às famílias e funcionários. Segundo a direção, o colégio se compromete com a apuração completa dos fatos por meio da perícia.
A Polícia Civil investiga o caso, e o Instituto de Criminalística já realizou perícia no local do acidente. A principal linha de investigação apura se houve negligência por parte da escola na fixação do móvel e na prestação do socorro imediato.