
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou um artigo com críticas à imposição de tarifas contra outros países em nove jornais internacionais. O texto foi divulgado logo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar tarifa de 50% contra os produtos brasileiros em resposta ao que chamou de uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No artigo, Lula não cita Trump ou os EUA, mas argumenta que a imposição de tarifas “desorganizam cadeias de valor” e levam a economia mundial a inflação e estagnação. O presidente também criticou conflitos em andamento e o desmonte de organizações internacionais, e defendeu que é preciso investir na diplomacia e no multilateralismo.
“A lei do mais forte também ameaça o sistema multilateral de comércio. Tarifaços desorganizam cadeias de valor e lançam a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação”, escreveu Lula.
O artigo, intitulado Não há alternativa ao multilateralismo, foi publicado nos jornais Le Monde (França), El País (Espanha), The Guardian (Reino Unido) , Der Spiegel (Alemanha), Corriere della Sera (Itália), Yomiuri Shimbun (Japão), China Daily (China), Clarín (Argentina) e La Jornada (México).
Lula criticou também o desmonte da Organização Mundial do Comércio (OMC), e disse que as organizações internacionais trouxeram benefícios para o mundo como a erradicação da varíola, a restauração da camada de ozônio e os direitos aos trabalhadores.
“Em tempos de crescente polarização, expressões como ‘desglobalização’ se tornaram corriqueiras. Mas é impossível ‘desplanetizar’ nossa vida em comum. Não existem muros altos o bastante para manter ilhas de paz e prosperidade cercadas de violência e miséria”, enfatizou o chefe do Executivo.
Reforma das organizações
O presidente disparou ainda críticas à falta de financiamento por países ricos para a adoção de medidas de combate e adaptação às mudanças climáticas.
Para Lula, a estrutura de organizações como as Nações Unidas não reflete o mundo atual, e há um vácuo de “liderança coletiva”. O presidente defendeu que é preciso reformar essas instituições, e não abandonar o multilateralismo.
“É urgente insistir na diplomacia e refundar as estruturas de um verdadeiro multilateralismo, capaz de atender aos clamores de uma humanidade que teme pelo seu futuro. Apenas assim deixaremos de assistir, passivos, ao aumento da desigualdade, à insensatez das guerras e à própria destruição de nosso planeta”, frisou.
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