Bruno Pessoa, que é sobrinho do ex-prefeito de Teresina, Dr. Pessoa (PRD), foi um dos principais alvos da Operação Reset, deflagrada pela Polícia Civil do Piauí (PC-PI) na manhã desta quarta-feira (23). A operação foi conduzida pelo Departamento Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) e revelou um esquema que resultou na anulação indevida de mais de 2.200 infrações de trânsito entre fevereiro e junho de 2024, gerando um prejuízo superior a R$ 503 mil aos cofres públicos.
Outro investigado é Daniel Araújo, atual vice-presidente da Federação de Futebol do Piauí (FFP), que atuava como gerente na Strans durante a antiga gestão municipal. A investigação apontou que cerca de 400 dessas multas foram apagadas fora do horário regular de expediente, o que reforça os indícios de irregularidades.
De acordo com o delegado Ferdinando Martins, responsável pelo Deccor, os autores diretos das exclusões já foram identificados, mas a apuração agora busca esclarecer a possível participação de parlamentares e autoridades públicas. Segundo ele, há indícios de que os ex-gestores tinham conhecimento do esquema e chegaram a ser beneficiados pessoalmente, com multas de seus próprios veículos e de familiares sendo apagadas do sistema.
“A investigação mostra que eles estavam cientes da prática e, em alguns casos, beneficiaram-se diretamente. Agora, buscamos entender se houve envolvimento de superiores hierárquicos ou ordens políticas para viabilizar a fraude”, afirmou o delegado.
Martins também destacou a informalidade com que os pedidos de cancelamento eram feitos. Segundo ele, muitos sequer tinham registro formal, sendo entregues por meio de recados ou bilhetes manuscritos com os dados dos veículos a serem beneficiados. “Alguns relataram que recebiam anotações com placas e ordens atribuídas a determinadas secretarias ou órgãos”, relatou.
Além das infrações anuladas, a polícia identificou que o esquema permitiu a retirada de 12.393 pontos das carteiras de habilitação dos condutores favorecidos ilegalmente.
Os envolvidos poderão responder por crimes como inserção indevida de dados em sistema público — que prevê pena de até 12 anos de prisão —, além de associação criminosa e outras possíveis infrações penais conforme o andamento das investigações.
portalR10