
O Hospital Veterinário de Teresina, também conhecido como Clínica Veterinária Municipal, foi concluído pelo Governo do Estado por meio do Instituto de Desenvolvimento do Piauí (Idepi), mas nunca chegou a abrir as portas. A unidade, localizada no Loteamento Hugo Prado, na Zona Sul da capital, custou R$ 994.990 aos cofres públicos e hoje está abandonada, depredada e sem qualquer utilidade.
O prédio, projetado para oferecer atendimento gratuito a animais de estimação, tornou-se mais um ponto de conflito entre o Governo do Piauí e a Prefeitura de Teresina.

Obra concluída, mas nunca inaugurada
O Governo do Estado afirma que o hospital foi formalmente repassado ao município, que seria responsável por equipar a unidade, contratar profissionais e colocá-la em funcionamento. A Prefeitura, porém, sustenta que não recebeu oficialmente o imóvel e que não existe termo de recebimento assinado.
Com o impasse, o prédio permaneceu sem manutenção e sem vigilância, tornando-se alvo de depredação.
Estrutura completa, mas inutilizada
A unidade foi projetada para suprir uma demanda reprimida de atendimento veterinário gratuito em Teresina. O espaço dispõe de três consultórios, centro cirúrgico, duas enfermarias, sala de recuperação e área administrativa.
A obra foi concluída em setembro de 2024, dentro de um acordo em que o Estado construiria o prédio e o município seria responsável por operá-lo. O compromisso, no entanto, nunca foi executado.

“A população perde duas vezes”, diz gerente de proteção animal
A gerente de Proteção Animal da SSP, Raissa Protetora, lembra que o projeto foi firmado entre o então governador e o ex-prefeito Dr. Pessoa. O Estado seria responsável pela construção e a Prefeitura pela administração.
Segundo ela, Dr. Pessoa não assinou o documento de recebimento quando o prédio foi entregue. Em 2025, o novo prefeito, Dr. Silvio Mendes, também não assumiu o equipamento.
Raissa afirma que o impasse agrava a falta de políticas públicas voltadas para animais e deixa famílias de baixa renda sem alternativas de atendimento gratuito. Para ela, “a população perde duas vezes: primeiro com a ausência do serviço e depois com a destruição de um investimento público tão necessário”.
Abandono total e vandalismo
Sem responsável legal, o hospital foi invadido diversas vezes. Moradores relatam que o espaço se transformou em ponto de uso de drogas, refúgio para criminosos e alvo constante de furtos.
Portas, janelas, fiação elétrica e parte da estrutura interna foram destruídas ou levadas. O investimento de quase R$ 1 milhão se deteriora rapidamente.

Situação indefinida
Até o momento, nenhuma das duas gestões apresentou um plano concreto para colocar o hospital em funcionamento. A Prefeitura de Teresina não enviou nota oficial, mas, por telefone, o secretário de Comunicação confirmou que não há termo de recebimento assinado.
Nota de esclarecimento do Idepi
O Instituto de Desenvolvimento do Piauí afirma que a obra foi executada e concluída pelo órgão. Em 23 de janeiro de 2025, o Idepi enviou ofício à Prefeitura de Teresina comunicando a entrega do prédio. A administração municipal confirmou o recebimento do documento, mas não respondeu nem adotou as providências previstas no acordo de cooperação.
O termo estabelece que cabe ao município equipar o hospital, contratar equipe e garantir a manutenção da estrutura.
Diante dos atos de vandalismo, o Governo do Estado abriu novo processo licitatório para recuperar o prédio. Segundo o Idepi, os reparos só poderão começar após o prefeito Sílvio Mendes assinar o termo de recebimento, documento indispensável para formalizar o processo.
O órgão afirma que realizará a reforma necessária e entregará novamente o hospital em condições de uso à Prefeitura.






