Uma ameaça de bomba abalou a tranquilidade no centro da capital da República na manhã deste sábado (28/12). A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi surpreendida por volta das 6h40, quando o advogado Fabrizio Domingos Costa Ferreira estacionou um Volkswagen Polo em frente ao Quartel do Comando Geral da PMDF, no Setor Policial Sul, e afirmou estar com dispositivos que detonaria contra as sedes dos comandos da Polícia Militar e da Polícia Federal (PF).

Segundo os policiais, Fabrizio apresentava fala desconexa e aparentava não estar em plena saúde mental. Por volta das 10h, os militares confirmaram que não havia explosivos no automóvel. Após ser alcançado pelos policiais, o homem foi detido e encaminhado à 5ª Delegacia de Polícia, localizada na Asa Norte, onde foi ouvido e, posteriormente, levado ao Hospital de Base para passar por avaliação psiquiátrica.

Polícia Civil investigará advogado Fabrizio Domingos, detido depois de anunciar ataques a bomba a instituições na capital da República

Ao Correio, a vice-governadora Celina Leão (PP) destacou que todo o episódio foi acompanhado pela segurança pública. “Não houve confirmação de nenhuma bomba. O inquérito está instaurado pela Polícia Civil do DF (PCDF), que acompanha todo o caso. Sem nenhum elemento comprobatório até o momento, o caso parece ser um surto psicótico”, salientou.

Mas a ameaça ocorreu após 45 dias do atentando em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em 13 de novembro, Francisco Wanderley Luiz, 59 anos, explodiu bombas na Praça dos Três Poderes e morreu vítima de uma delas. As ameaças com bombas ocorridas neste ano, no entanto, não são as primeiras no DF. Em 24 de dezembro de 2022, foi encontrado um artefato colado a um caminhão-tanque nas proximidades do Aeroporto de Brasília. Os bolsonaristas George Washington, Wellington Macedo e Alan Diego dos Santos foram presos e acusados por planejarem o ataque.

Ao Correio, Ricardo Cappelli, que atuou como interventor na Segurança Pública do DF após os ataques do 8 de janeiro, disse que casos como o ocorrido neste sábado (28/12) têm crescido, sobretudo pela onda de notícias falsas. “Eu vejo essas ameaças de ataque a bomba como um fenômeno que tem crescido como produto dessa rede de fake news, mentiras e teorias da conspiração espalhadas pela extrema direita, que acabam pegando pessoas que estão fragilizadas e as desorientando”, analisou.

Investigação

Criada em novembro deste ano, por determinação do governador Ibaneis Rocha (MDB), após o ataque ao STF, a Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento (DPCEV) vai investigar a ameaça ocorrida neste sábado (28/12). O delegado titular da DPCEV, Fabrício Augusto, informou ao Correio que “os fatos serão apurados. Não houve autuação do conduzido a priori, porque não ficou evidenciado nenhuma situação flagrancial. Entretanto, as investigações serão conduzidas pela DPCEV”, esclareceu. Augusto ressaltou que somente será possível afirmar por quais crimes Fabrizio poderá ser indiciado no andamento das investigações.

Entenda a Operação Petardo

A Operação Petardo trata-se de uma ação integrada da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) para lidar com casos de denúncias envolvendo explosivos ou artefatos explosivos, como o ocorrido em novembro em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) — foto. O primeiro decreto sobre o assunto foi publicado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em 2001.  A última atualização é de agosto de 2019, quando foi publicada uma portaria de ação conjunta que prevê instruções relativas às ações integradas nessas ocorrências.

A operação é executada pela Polícia Militar do DF, por meio do Batalhão de Operações Especiais. Contudo, pode envolver a participação de outros órgãos, como o Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF), a Polícia Civil (PCDF) e o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran).

Quem é Fabrizio Ferreira?

O homem responsável pelas ameaças é o advogado Fabrizio Domingos Costa Ferreira, morador do Plano Piloto.

O homem responsável pelas ameaças é o advogado Fabrizio Domingos Costa Ferreira, morador do Plano Piloto.

Correio apurou que, também na manhã de sábado (28/12), a esposa dele o denunciou à polícia por agressão e solicitou medidas protetivas. A mulher afirmou que convive com o advogado há cerca de sete anos, mas que o relacionamento estava em processo de término.

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