Três pessoas presas na Operação Cribelo, deflagrada ontem em Teresina e Demerval Lobão e que investiga fraude na emissão de Carteira Nacional de Trânsito (CNH), foram colocadas em liberdade. O delegado Rone Silveira, responsável pelo inquérito, afirmou que o alvará de soltura foi pedido pela polícia.

O inquérito possui hoje 24 pessoas investigadas, mas esse número pode ser ampliado, segundo o delegado Rone Silveira. A estimativa é que a organização criminosa tenha movimentado cerca de R$ 500 mil de novembro de 2023 até hoje.

“Nossa investigação foi conduzida durante 10 meses. A gente arrecadou muitos elementos, elementos suficientes para pedir a prisão de uns e para pedir a busca de outros. Ou seja, nós temos personagens envolvidos com um nível de responsabilidade que nós sequer chegamos a pedir prisão porque entendemos que a prisão não era necessária, não havia elementos suficientes para que se pedisse a prisão deles. Outros pedimos a prisão porém entendendo já a possibilidade de que a manutenção da prisão na seria necessária, nós pedimos ao judiciário que nos autorizasse a expedir alvará de soltura caso entendêssemos assim”, narra o delegado.

Ao todo 17 pessoas foram presas temporariamente na quinta-feira (28), e três delas foram postas em liberdade. Segundo o delegado, o trio possui um envolvimento menor e sua liberdade não coloca em risco o curso das investigações.

“São mulheres envolvidas na prática criminosa, tem um nível de responsabilidade, isso não discutimos, porém a participação delas é de uma importância menor ao ponto de que a liberdade delas não compromete a investigação que vamos ainda dar continuidade. Da mesma forma o homem que foi colocado em liberdade”, explica o delegado.

Além das prisões, a Polícia Civil cumpriu 25 mandados de busca e apreensão. O bar, onde funcionava reuniões da prática de fraude, e uma autoescola, tiveram as atividades suspensas e seguem interditadas por tempo indeterminado.

Novo sistema do Detran permitiu detecção de fraude

As investigações da Operação Cribelo, deflagrada na manhã desta quinta-feira (28), em Teresina e José de Freitas, tiveram início após o Departamento Estadual de Trânsito do Piauí (Detran-PI) implementar um novo sistema de monitoramento em veículos. Ao todo, 6 examinadores do órgão foram presos temporariamente por envolvimento no esquema de corrupção que ocorria durante a prova prática de alunos que buscavam a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

De acordo com a diretora-geral do Detran, Luana Barradas, no segundo semestre de 2023 foi implantado um sistema de monitoramento nos carros. Esse sistema permitiu que o esquema de corrupção fosse revelado.

“Hoje no Detran, na parte do exame prático todos os nossos carros eles são equipados com microfones e câmeras no qual a gente tem um monitoramento de tudo que ocorre dentro do âmbito do exame prático. Então desde que o aluno e examinador entram no carro existe uma telemetria para confirmar se são os dois dentro do percurso e temos um tablete que acompanha todos as faltas dos examinadores e tudo é gravado em vídeo e áudio”, explica.

Após as gravações, uma comissão analisava os vídeos e caso encontrassem inconsistências, a comissão fazia o alerta.

Após constatar as irregularidades, o Detran encaminhou o caso a Polícia Civil que deu início as investigações. De acordo com Rone Silveira, coordenadora da Força Estadual Integrada de Segurança do Piauí, foi detectado que uma das formas escolhidas pelos envolvidos no esquema para burlar o monitoramento era fazer um sinal na mão dos alunos que seriam aprovados após pagamento de propina. Com o sistema de monitoramento, os examinadores buscaram a marca na mão como forma de não serem notados pelas câmeras.

“Em uma análise telemática, a gente descobriu a transmissão de um vídeo entre dois instrutores da mesma autoescola em que um, ambos presos hoje, orienta “olha, faça a marcação na mão esquerda, na altura do polegar”, e indica como deveria ser a diagramação da marcação para que ali, na mão esquerda que é a mão que fica virado para o examinador, ele já percebesse. Temos inclusive registros de imagem de uma dos candidatos aguardando para ser submetido a prova prática com esse sinal na mão. Esse candidato ele admitiu e contou como funcionou tudo”, explica o delegado.

 

Picos40graus

O inquérito possui hoje 24 pessoas investigadas, mas esse número pode ser ampliado, segundo o delegado Rone Silveira

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