
A Globo anunciou nesta segunda (1º) uma das maiores mudanças no Jornal Nacional em três décadas. William Bonner vai deixar o posto de âncora para dar lugar a César Tralli, que hoje está à frente do Jornal Hoje e da Edição das 18h na GloboNews. Ele passa a fazer companhia à Renata Vasconcellos na bancada da atração.
“O tempo foi passando numa espiral e foi acontecendo que, lentamente, o meu período no JN até 2022 fez com que eu me tornasse o apresentador com maior tempo de titularidade. Foi quando eu ultrapassei a marca do meu antecessor, o Cid Moreira, que foi o meu antecessor neste cargo”, contou.
Bonner estreou no Jornal Nacional em 1º de abril de 1996, ao lado de Lillian Witte Fibe. Desde então, nunca deixou a bancada: já são 29 anos ininterruptos como âncora e, a partir de 1999, também como editor-chefe.
Para estar à frente do Jornal Hoje, foi convidado Roberto Kovalick, e Tiago Scheuer passará a comandar o Hora Um, abrindo o dia com as primeiras notícias.
A Globo explicou que Bonner vai ficar à frente do Jornal Nacional até 3 de novembro. A partir de então, ele vai ser transferido para o Globo Repórter ao lado de Sandra Annenberg. A função dele como editor-chefe do principal telejornal da Globo vai ficar com Cristiana Souza Cruz, que atualmente é editora-chefe adjunta.
“De todos os programas do jornalismo já existentes quando cheguei à Globo, é o único em que nunca atuei, nem interinamente, em 39 anos. Lembro quando a Sandra Annenberg chegou lá”, disse ele, em entrevista ao G1.
Amiga de décadas, cúmplice do meu sonho, que era dela também, Sandra me mandou mensagem carinhosa: ‘Cheguei antes, amigo. Te espero aqui!’ Ano que vem, estaremos juntos por lá. O Tralli receberá o carinho e o apoio merecidíssimo que o time do JN sabe compartilhar. E terei prazer de continuar colhendo até lá.
William Bonner começou na Band e teve ascensão meteórica na Globo
William Bonner começou a carreira na TV Bandeirantes, em 1985, como apresentador de telejornais locais. No ano seguinte, já estava na Globo, à frente do SPTV (hoje chamado de SP 1). A mudança de sobrenome –que originalmente era Bonemer– foi estratégica: queria evitar confusões com o pai, um médico pediatra conhecido em São Paulo.
O grande salto veio em 1996, quando recebeu o convite secreto para assumir o Jornal Nacional. Estreou ao lado de Lillian Witte Fibe e, dois anos depois, dividiu a bancada com Fátima Bernardes, sua então esposa. Em 1999, assumiu também o cargo de editor-chefe, posição que ocupa até hoje.
À frente do JN, Bonner esteve em coberturas históricas: dos atentados de 11 de setembro ao acidente da TAM, da morte do Papa João Paulo 2º, passando pela eleição de Barack Obama e pela tragédia da boate Kiss. Nesse período, o telejornal chegou a ganhar um Emmy Internacional pela cobertura da ocupação do Complexo do Alemão.
Com o tempo, também se consolidou como entrevistador de candidatos à Presidência da República e mediador de debates eleitorais.
Nos anos 2010, liderou uma série de transformações estéticas e tecnológicas no JN, como a adoção da steadicam e a criação de cenários modernos que aproximaram a redação do público. Durante a pandemia de Covid-19, teve papel central na divulgação de informações de interesse público e no enfrentamento à desinformação.
Mais recentemente, apresentou o telejornal fora do estúdio em coberturas especiais: nas enchentes do Rio Grande do Sul em 2024, nas eleições dos EUA no mesmo ano, nos 60 anos da Globo em 2025 e até no Conclave que elegeu o Papa Leão XIV.
Qual o salário de William Bonner?
William Bonner está entre os maiores salários da TV brasileira. Segundo informações de bastidores do mercado, o jornalista recebe cerca de R$ 1 milhão por mês para comandar e editar o Jornal Nacional. A informação nunca foi confirmada pela Globo. O valor engloba não apenas a apresentação diária, mas também sua função como editor-chefe, responsável por definir a linha editorial e os rumos do principal telejornal do país.