
Um ambiente repleto de livros, cordéis e histórias que celebram a cultura piauiense tomou conta do Sesc Cajuína nesta quarta-feira. Até amanhã, leitores de todas as idades têm a oportunidade de mergulhar na quarta edição da Feira da Literatura Piauiense (FELIPI), o único evento do estado dedicado exclusivamente à produção literária local.
“O objetivo é valorizar a literatura do Piauí, que é desconhecida tanto dentro quanto fora do estado. Queremos que os piauienses se apropriem da sua própria cultura”, destacou o professor Wellington Soares, idealizador da feira, em entrevista à Rádio Pioneira.
Literatura piauiense em destaque
Entre as vozes que se destacam na feira está José Edmar Barbosa, cordelista e autor de quatro livros e diversos folhetos de cordel. Natural de Piripiri, mas residente em Timon, ele atua na Casa do Cantador e é sócio da Associação dos Joleiros e da Cordelaria Chapada do Curisco.
“Cada obra é importante pelo momento em que foi criada. Meu trabalho mais recente é uma pesquisa sobre a literatura de cordel desde suas origens, com 258 páginas, já na segunda edição. O objetivo é orientar quem se interessa por essa tradição”, contou Barbosa.
Ele também comentou sobre o impacto da tecnologia na literatura popular. “O cordel sofreu muito com a chegada da televisão e o desaparecimento de autores comerciais, mas desde 2000 houve um reforço. Hoje, com a internet, crianças, jovens e adultos estão descobrindo a literatura de cordel, escrevendo e declamando cada vez mais. O cordel está em alta”, afirma.

O desafio da leitura
Além de celebrar a produção local, a FELIPI busca enfrentar um problema crescente: a queda no hábito de leitura no Brasil. Uma pesquisa recente revelou que o país perdeu 7 milhões de leitores nos últimos quatro anos, mais que o dobro da população do Piauí. Segundo Wellington Soares, “o problema não é apenas o acesso aos livros, mas a criação do hábito. Pais, escolas e sociedade precisam se engajar para que a leitura se torne parte da rotina das crianças e jovens”.
Ele reforça ainda a importância de políticas públicas que integrem a literatura local no currículo escolar. “Apesar das leis estaduais e municipais, a literatura piauiense ainda não é adotada nas escolas. É necessário um esforço coletivo para mudar essa realidade e valorizar nossos autores”, explica.
Uma feira para toda a família
A FELIPI também apresenta a Filipinha, programação voltada para crianças, e oferece mesas-redondas, debates, shows, espetáculos teatrais e exibição de filmes. Todos os livros disponíveis são de autores piauíenses, garantindo visibilidade à produção local.
“Quem vier aqui vai encontrar literatura, arte e cultura genuinamente piauiense. É um espaço climatizado, confortável, pensado para que todos possam se envolver com a nossa cultura”, conclui Wellington.
A feira é uma oportunidade única de conhecer o talento dos escritores locais e, ao mesmo tempo, resgatar o prazer da leitura, estimulando novas gerações a se apaixonarem pelas histórias que nasceram no coração do Piauí.