Joe DiMeo teve uma infância normal em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Gostava de videogames, trabalhos manuais e de sair com os amigos. Estudar não era a sua praia, mas ele gostava de trabalhar e conseguiu um emprego em uma empresa alimentícia logo após terminar o ensino médio. Aos 18 anos, ele já conseguiu se mudar da casa dos pais.
A maioria das pessoas com ferimentos dessa gravidade não sobrevive. Joe passou por diversas cirurgias e ficou em um coma induzido por três meses. Após acordar, ele se deparou com o resultado do acidente: havia perdido os dedos das mãos e seu rosto estava queimado, o que o impedia de abrir a boca e os olhos propriamente.
Ele teve que voltar para a casa dos pais, que o ajudavam com quase tudo. Comer ou simplesmente segurar objetos eram desafios para o jovem.
Em 2021, aos 22 anos, Joe DiMeo passou por duas cirurgias ainda experimentais: o transplante de mãos e rosto. O primeiro transplante de mão ocorreu em 1998, enquanto o de rosto aconteceu em 2005. Desde então, cerca de 50 pessoas no mundo ganharam uma nova face.
O caso de Joe foi além: ele foi a primeira pessoa a receber um novo rosto e duas mãos, numa cirurgia que durou 24 horas e contou com mais de 140 profissionais. A operação foi realizada no hospital NYU Langone Health, em Nova York – uma das referências nesse tipo de cirurgia.

Apesar dos percalços, hoje Joe conseguiu retomar boa parte da sua vida antes do acidente. Ele se casou e hoje tem uma marca própria chamada 80 percent gone, que usa para divulgar sua história. Em email à Super, ele respondeu algumas perguntas sobre sua experiência com o transplante pioneiro na medicina.
Joe DiMeo: Não. Antes do acidente eu não conhecia nada da medicina. Eu só conhecia um filme sobre transplante de face chamado A Outra Face. Eu descobri sobre os transplantes de face e mão reais depois das minhas queimaduras, quando me ofereceram a oportunidade de realizá-los.
S: Quais funções do rosto e mãos você perdeu depois do acidente?
JD: Eu perdi a habilidade de abrir a minha boca completamente, e não conseguia mover meus dedos porque eles foram amputados.
S: Como paciente, você estava ciente dos possíveis riscos envolvidos na cirurgia. Você tinha alguma preocupação?
JD: Eu não tinha preocupações sobre a cirurgia, eu confiava no meu médico. Nunca hesitei sobre fazer o transplante. Eu sempre soube que queria minha independência de volta.
S: Quais eram suas principais motivações para seguir com os transplantes?
JD: Além de ganhar minha independência, eu queria dirigir um carro de novo e levantar pesos pesados. Por enquanto eu só posso dirigir, ainda estou trabalhando em fortalecer minhas mãos.
S: Como você se sente em relação ao resultado da cirurgia?
JD: Eu estou feliz com o resultado. Eu tenho minha independência de volta. Eu posso dirigir, mas não sou fã do inchaço do rosto. Acho que demora um pouco para passar.
[Joe tem um rosto mais inchado em comparação a outros pacientes transplantados. Os médicos ainda não sabem o motivo. Alguns fatores que pioram o inchaço são o calor extremo, medicamentos, comidas altas em sódio e estresse]
S: Quais são os maiores desafios que você tem enfrentado após a cirurgia?
JD: Ainda estou trabalhando em funções como abrir jarras e cortar coisas. Comer ainda é um trabalho. Também é difícil pegar coisas pequenas do chão e abotoar as coisas.
S: Sua percepção sobre si mesmo mudou depois do transplante?
JD: Acho que eu amadureci muito mais rápido, tenho mais empatia e me tornei mais compreensível com as pessoas.
S: Quais são as lições e reflexões mais importantes que você teve depois dos transplantes?
JD: A maior lição que eu aprendi foi ser mais paciente e compreensivo.
S: Você gostaria de deixar uma mensagem para as pessoas?
JD: Uma mensagem que eu gostaria de deixar é que as pessoas sempre continuem motivadas e enfrentem os momentos difíceis. Pode demorar um pouco, mas fica melhor.
fonte; superinteresante