247 – A estudante universitária trans Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos, desaparecida desde o último dia 12 de junho, em Ilha Solteira (SP), foi morta pelo próprio namorado com o apoio do amante dele, segundo apontam as investigações da Polícia Civil.

Marcos Yuri está preso temporariamente por 30 dias, assim como o policial militar da reserva Roberto Carlos de Oliveira, identificado como amante de Yuri e apontado como cúmplice no crime. Enquanto Marcos foi levado para a Cadeia Pública de Penápolis, Roberto Carlos está detido no presídio Romão Gomes, na capital paulista.Apesar das prisões, o corpo de Carmen ainda não foi localizado. Desde o desaparecimento, familiares e amigos mobilizam buscas e manifestações em busca de justiça.
As últimas informações do sinal do celular da vítima indicaram uma região próxima ao rio da cidade. Bombeiros também atuam nas buscas subaquáticas e em áreas de mata onde foram encontradas marcas de pneu compatíveis com os da bicicleta elétrica que ela usava.A investigação, que começou como um desaparecimento, passou a ser tratada como feminicídio, considerando a motivação de gênero.
Carmen era estudante de Zootecnia na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Em nota, a instituição afirmou que está colaborando com as autoridades e oferecendo apoio à família: “Manifestamos nossa profunda preocupação com o caso de Carmen e continuamos acompanhando os desdobramentos com atenção e solidariedade”.
Um dos aspectos mais reveladores da investigação foi a descoberta de um relacionamento paralelo entre Marcos Yuri e Roberto Carlos, o que configuraria, nas palavras do delegado, “um triângulo amoroso”. O vínculo afetivo e também financeiro entre os dois teria sido crucial na dinâmica do crime.“Havia uma ligação entre os dois. No início surgiu como uma testemunha, mas na verdade ele era comparsa do namorado, amante do namorado de Carmen. Ele sustentava, bancava gastos [do Yuri]. Havia ali um triângulo amoroso”, declarou Miguel Rocha à imprensa.A defesa de Roberto Carlos, por meio do advogado Miguel Micas, afirmou que o cliente “provará ser inocente da acusação”. As defesas dos dois investigados foram procuradas pela reportagem do g1, mas não retornaram até a última atualização da matéria.
Desaparecimento e dossiê deletado
A Polícia Civil solicitou a quebra do sigilo telefônico da vítima e dos suspeitos, o que confirmou que Carmen não chegou a sair de Ilha Solteira. Durante a análise do computador pessoal da jovem, foi encontrada a pasta deletada no próprio dia 12 de junho, contendo o dossiê que ela havia preparado com informações comprometedoras sobre Marcos Yuri.O caso continua sendo investigado e mobiliza a comunidade acadêmica, familiares e movimentos sociais. A luta agora é para encontrar o corpo de Carmen e garantir a responsabilização completa dos envolvidos.