
A Polícia Civil do Piauí avançou nas investigações da Operação Reset, que apura um esquema de cancelamento ilegal de multas de trânsito e remoção indevida de pontos em carteiras de habilitação. O caso envolve ex-servidores da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) e já gerou um prejuízo superior a R$ 503 mil aos cofres públicos de Teresina.
Na última quarta-feira (23), o delegado-geral da Polícia Civil, Luccy Keiko, confirmou que o ex-superintendente da Strans, Bruno Pessoa, sobrinho do ex-prefeito Dr. Pessoa e o ex-gerente da superintendência e atual vice-presidente da Federação de Futebol do Piauí (FFP), Daniel Araújo, passarão a ser monitorados por tornozeleira eletrônica durante o andamento das investigações.
Os dois são alvos da operação que apura a exclusão indevida de dados no sistema de infrações de trânsito. Segundo a polícia, o grupo criminoso atuava manipulando o sistema para cancelar multas, retirar pontos das CNHs de condutores e beneficiar terceiros com prejuízo direto à arrecadação do município.
Prisão de operador do esquema
Também foi preso na ação Lucas da Rocha Lima, ex-gerente de Gestão de Trânsito da Strans, apontado como peça central na fraude. Ele estava foragido e foi detido após retornar do estado do Ceará. A captura ocorreu na sede da DECCOR (Departamento de Combate à Corrupção), em Teresina, já na presença de sua advogada.
Lucas é acusado de ter anulado diretamente 1.628 infrações, o que representa 73% do total fraudado, resultando em um prejuízo de R$ 367.486,64. Além disso, pelo menos 419 multas foram excluídas fora do horário de expediente, com acesso irregular ao sistema. Em 49 desses casos, os cancelamentos ocorreram sem qualquer pedido oficial registrado.
Outro envolvido identificado como Lucas, comissionado da antiga gestão também é investigado, mas segue foragido. Contra ele há um mandado de prisão temporária em aberto.
Acusações e próximos passos
Os investigados respondem por exclusão de dados em sistema de informação e associação criminosa. A Polícia Civil informou que as investigações serão ampliadas para verificar se o esquema foi praticado em anos anteriores à gestão de Bruno Pessoa, o que pode elevar ainda mais o dano ao erário.
“Duas pessoas com mandados cumpridos hoje serão monitoradas por tornozeleira eletrônica, enquanto perdurarem as investigações. Nós vamos levantar ainda todos os anos anteriores, porque temos forte convicção de que esse ilícito já perdurava”, destacou o delegado-geral Luccy Keiko.
Posicionamentos oficiais
Em nota, a Strans afirmou que, desde que foi acionada pela Polícia Civil, tem colaborado com as investigações. A atual gestão da Prefeitura de Teresina reforçou o compromisso com a transparência e declarou que deseja que todos os fatos sejam elucidados e que a justiça prevaleça em favor da sociedade teresinense.
Já a Federação de Futebol do Piauí (FFP), por meio de sua assessoria, comunicou que não irá se pronunciar sobre o envolvimento de Daniel Araújo, que ocupa a vice-presidência da entidade.