
Uma mulher revelou ter enfrentado represálias da igreja que frequentava após revelar sofrer violência doméstica e obter uma medida protetiva de urgência contra o agressor, no município de Picos. O Ministério Público do Estado do Piauí (MP-PI) vai realizar uma audiência pública para orientar sobre os direitos das vítimas de violência.
Segundo a promotora de Justiça Romana Vieira, a mulher relatou que após denunciar a violência e solicitar uma medida protetiva à Justiça, começou a sofrer “penalidades” da igreja que frequentava. A vítima relatou que não chegou a ser proibida de frequentar o templo, mas foi impedida de participar de atividades do local.
“O Ministério Público recebeu uma medida protetiva de urgência e dentro dessa medida existia um relatório da psicóloga do Tribunal de Justiça. Esse relatório dizia que a vítima havia sofrido esse tipo de violência dentro da instituição religiosa, que teve seus direitos cerceados. Ela não poderia mais ser ativa na instituição. Ela relatou que a igreja ficou do lado do agressor”, iniciou a promotora.
Ainda conforme Romana Vieira, a vítima foi orientada pela igreja a retirar a medida protetiva contra o companheiro. Ela manteve a ordem judicial restritiva contra o agressor, mas preferiu não denunciar a instituição religiosa formalmente.
MP irá realizar audiência pública
O Ministério Público informou que irá fazer uma audiência pública para orientar sobre os direitos das vítimas de violência doméstica na região. A audiência será realizada no dia 16 de maio, às 9h, na Sede das Promotorias de Justiça de Picos, na Avenida Senador Helvídio Nunes, bairro Catavento, em Picos.
“A audiência será para a sociedade em geral, mas especificamente para instituições religiosas. O objetivo é trazer informações sobre os tipo de violência e esclarecer também como deve ser a acolhida dessas vítimas: a denúncia, para onde devem ir e quais são os direitos dessas vítimas. É necessário que a comunidade apoio mulheres vítimas de violência”, concluiu Romana Vieira.