
Os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, França e Alemanha — grupo conhecido como E3 — realizam nesta sexta-feira (20) uma reunião com o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, em Genebra, na Suíça. O encontro tem como objetivo discutir caminhos diplomáticos para a crise entre Irã e Israel, intensificada após a recente ofensiva militar israelense.
A iniciativa da reunião partiu do próprio governo iraniano, e foi aceita pelas potências europeias. A cidade escolhida tem um peso simbólico: Genebra sediou, em 2013, o primeiro acordo internacional para conter o programa nuclear iraniano em troca do alívio de sanções econômicas.
A reunião acontece em meio ao colapso das conversas entre Teerã e Washington. Segundo um diplomata europeu, “os iranianos não conseguem sentar-se com os americanos, enquanto nós conseguimos”. A expectativa é de que o E3 pressione os representantes iranianos a retomarem as negociações nucleares e, ao mesmo tempo, expressem preocupações quanto ao programa de mísseis balísticos do Irã, ao apoio militar a Moscou e à prisão de cidadãos europeus em território iraniano.
Apesar da baixa expectativa de avanços concretos, representantes da diplomacia europeia consideram essencial manter o canal de diálogo com Teerã. Isso porque, mesmo com uma eventual trégua na guerra, o programa nuclear iraniano segue como um ponto crítico — já que o conhecimento técnico adquirido não pode ser simplesmente apagado, permitindo ao Irã retomar suas atividades de forma clandestina.
Segundo um funcionário do governo iraniano, Teerã mantém seu compromisso com a diplomacia, mas exige que os países europeus atuem para conter os ataques israelenses. “O Irã continua comprometido com a diplomacia como único caminho para resolver disputas — mas a diplomacia está sob ataque”, afirmou.
Antes da escalada mais recente, o E3 e os Estados Unidos apresentaram uma resolução, aprovada pela Junta de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), acusando o Irã de violar obrigações do Tratado de Não Proliferação Nuclear. Como próximo passo, europeus avaliam levar o caso ao Conselho de Segurança da ONU ainda neste verão, caso não haja avanços nas negociações.
Além disso, os três países consideram acionar o mecanismo de “snapback” — que permitiria restaurar automaticamente as sanções da ONU suspensas pelo acordo nuclear de 2015. O prazo para essa decisão deve se encerrar até o fim de agosto, segundo diplomatas europeus. O Irã, no entanto, já advertiu que a ativação do mecanismo terá “consequências graves”.