A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira (3) um amplo pacote econômico defendido pelo presidente Donald Trump, que prevê a extensão de cortes de impostos e a diminuição de recursos destinados a políticas sociais. O projeto foi aprovado por uma margem apertada de 218 votos a 214 e agora segue para sanção presidencial.
Batizada de “Big, Beautiful Bill” (algo como “Grande e Bela Lei”, em tradução livre), a proposta torna permanentes os cortes tributários individuais e corporativos implementados em 2017 e introduz novas isenções fiscais voltadas a diferentes setores, como gorjetas, horas extras, aposentados e financiamentos de veículos. As medidas foram promessas centrais da campanha de Trump à reeleição em 2024.
Apesar de representar uma importante vitória política para o presidente, o impacto fiscal do pacote tem gerado controvérsia. De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), órgão técnico e apartidário, a proposta deve aumentar a dívida nacional em cerca de US$ 3,4 trilhões, elevando o total para mais de US$ 36 trilhões.
Entre os pontos mais criticados está o corte profundo em programas sociais. O Medicaid, programa de assistência à saúde voltado a pessoas de baixa renda, deve sofrer mudanças que podem resultar na exclusão de aproximadamente 12 milhões de beneficiários. As alterações incluem exigência de comprovação de trabalho, critérios de elegibilidade mais rígidos e redução nos repasses federais aos estados. Para mitigar parte dos impactos, os republicanos incluíram US$ 50 bilhões para reforçar o atendimento em áreas rurais.
Todos os democratas votaram contra a medida, acusando a proposta de favorecer os mais ricos em detrimento das camadas mais vulneráveis da população. O líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, fez um discurso de quase nove horas em protesto, classificando o projeto como “um presente aos bilionários”.
Já entre os republicanos, o apoio foi quase unânime — apenas dois votaram contra. A deputada Virginia Foxx, da Carolina do Norte, elogiou o projeto, destacando seus efeitos para “aliviar a carga tributária das famílias, fortalecer a segurança nas fronteiras e combater o desperdício de recursos públicos”.
A versão final do pacote traz alterações em relação ao texto aprovado inicialmente em maio. Entre as mudanças estão a retirada de um imposto sobre investimentos estrangeiros, que havia causado apreensão no mercado financeiro, e a exclusão de regulamentações estaduais sobre inteligência artificial.
Apesar das críticas, os defensores do projeto argumentam que a aprovação evita que os atuais cortes de impostos — implementados em 2017 — expirem no fim deste ano, o que poderia gerar aumento da carga tributária para a maioria dos norte-americanos.
