
O ex-presidente Jair Bolsonaro entrou para um grupo restrito de líderes mundiais condenados por tentativa de golpe de Estado, segundo levantamento de pesquisadores internacionais. A condenação, decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), soma 27 anos e três meses de prisão pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio público tombado.
Segundo estudo realizado por Luciano Da Ros (UFSC) e Manoel Gehrke (Universidade de Pisa), apenas nove outros chefes de Estado foram condenados por golpes desde 1946. Entre eles estão Georgios Papadopoulos (Grécia, 1975), Luiz García Meza Tejada (Bolívia, 1993), Chun Doo-hwan e Roh Tae-woo (Coreia do Sul, 1996), Juan María Bordaberry (Uruguai, 2010) e Jeanine Áñez (Bolívia, 2022).
A inclusão de Bolsonaro nessa lista marca um momento histórico para o Brasil, reforçando a responsabilização de um ex-presidente por atos que ameaçaram a democracia. A decisão judicial provocou repercussão internacional, incluindo críticas da administração Trump, que classificou a condenação como uma “caça às bruxas” e sugeriu possíveis sanções contra o país.
Especialistas em direito e ciência política destacam que o caso representa um alerta sobre a fragilidade das instituições democráticas e a importância do sistema judiciário na preservação do Estado de Direito. Para o Brasil, a condenação é também um precedente importante sobre os limites do poder executivo e a responsabilização de líderes que atentam contra a Constituição.
Com a decisão do STF, Bolsonaro se torna o primeiro ex-presidente brasileiro a integrar esse grupo de líderes mundialmente condenados por atos de golpe, consolidando seu papel controverso na história política recente do país.