Uma audiência pública realizada na Câmara Municipal de Teresina discutiu, nesta quarta-feira (5), a fiscalização eletrônica e o número de multas aplicadas na capital. O encontro, proposto pelo vereador Pedro Alcântara, reuniu representantes da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans), além de autoridades ligadas à segurança viária e à mobilidade urbana.
Durante o debate, o parlamentar destacou as constantes reclamações de motoristas sobre o que chamam de “indústria da multa” e pediu mais transparência sobre o funcionamento das câmeras de monitoramento. Segundo ele, a cidade conta atualmente com 454 câmeras instaladas em pontos estratégicos para acompanhar o tráfego.
Pedro Alcântara afirmou que as multas são aplicadas apenas a quem comete infrações e reforçou que todo condutor tem direito de recorrer. O vereador também adiantou que pretende solicitar à Prefeitura a integração dos sistemas de vigilância da Strans, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Detran e do DNIT. Além disso, informou que apresentará um requerimento para ampliar o horário em que o avanço de sinal vermelho não é multado, passando das 22h às 5h para até 6h da manhã, o que, segundo ele, pode aumentar a segurança e evitar penalizações injustas em horários de baixo fluxo.
Strans nega “indústria da multa” e aponta falta de respeito às leis
O diretor de Operação e Fiscalização da Strans, coronel Jaime Oliveira, rebateu as críticas sobre o excesso de autuações e afirmou que o órgão apenas cumpre o que determina o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Segundo ele, o sistema de fiscalização não tem como objetivo multar indiscriminadamente, mas garantir que as normas de circulação sejam respeitadas.
O coronel informou que Teresina possui cerca de 316 câmeras de fiscalização em funcionamento, distribuídas nas cinco zonas da cidade. Ele explicou que a maioria das infrações é cometida por motociclistas, principalmente por falta de capacete, transporte irregular de passageiros ou condução sem habilitação. Um levantamento da Strans apontou casos de veículos com mais de 150 multas registradas em poucos meses, o que demonstra, segundo o diretor, o desrespeito recorrente às regras de trânsito.
Educação e padronização viária
Entre as propostas discutidas na audiência está a padronização da velocidade em avenidas da capital, que hoje apresentam variações entre 50 km/h e 70 km/h, o que confunde os condutores. Pedro Alcântara defendeu a criação de um sistema unificado de sinalização para evitar autuações indevidas e melhorar o fluxo nas vias.
O coronel Jaime ressaltou ainda a importância de reforçar as campanhas educativas, lembrando que os recursos provenientes das multas são, por lei, destinados à engenharia e à educação no trânsito. Para ele, é fundamental que os órgãos de trânsito atuem de forma integrada e mantenham campanhas permanentes de conscientização.
Integração com Timon
O inspetor-geral Lucas Silva, da Secretaria de Transporte e Mobilidade de Timon (MA), também participou da audiência. Ele informou que a cidade vizinha pretende implantar seu próprio sistema de monitoramento por câmeras, com apoio da Guarda Civil Municipal. De acordo com o inspetor, cerca de 70 mil veículos cruzam diariamente as pontes entre Teresina e Timon.
O representante maranhense explicou que atualmente o controle é feito de forma presencial por agentes de trânsito, mas o objetivo é modernizar e integrar o sistema com o de Teresina, especialmente nas pontes da Amizade e Metálica, para otimizar a fiscalização e melhorar a fluidez do tráfego.
A audiência foi encerrada com o compromisso de ampliar o diálogo entre os órgãos de trânsito dos dois municípios e aprimorar a fiscalização de maneira educativa e transparente, garantindo mais segurança e menos conflitos com os condutores.
