
A Voepass Linhas Aéreas realizou 2.687 voos com aeronaves sem a devida manutenção após o acidente de 9 de agosto de 2024, em Vinhedo, interior de São Paulo, que deixou 62 mortos, sendo 58 passageiros e 4 tripulantes. A denúncia faz parte de um relatório da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que resultou na cassação definitiva do Certificado de Operador Aéreo (COA) da empresa.
O documento foi elaborado pelo diretor da Anac, Luiz Ricardo Nascimento. Durante uma operação assistida, foram identificadas falhas recorrentes no cumprimento de procedimentos operacionais. Segundo o relatório, entre 15 de agosto de 2024 e 11 de março de 2025, foram feitas 20 inspeções em tarefas de manutenção obrigatórias em sete aeronaves — inspeções essas que não foram realizadas, mesmo com os aviões em atividade. No período, os aviões da empresa operaram um total de 2.687 voos nessas condições.
A Anac concluiu que as aeronaves estavam em “condições consideradas não aeronavegáveis” e apontou uma grave degradação nos processos internos da companhia, incluindo a perda sistêmica de controle sobre as inspeções técnicas obrigatórias.
Com a decisão, a Voepass está proibida de operar voos regulares por dois anos. A empresa também foi multada em R$ 570,4 mil. Vale lembrar que a companhia já se encontrava em recuperação judicial, acumulando dívidas superiores a R$ 400 milhões.