
Ajuda humanitária foi lançada por paraquedas sobre a cidade de Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza, neste domingo (27). Segundo autoridades israelenses, os lançamentos aéreos começaram no sábado como parte de um esforço para amenizar a grave crise humanitária na região.
Além dos lançamentos, caminhões com suprimentos começaram a se deslocar em direção a Gaza a partir do Egito, conforme informou a emissora estatal egípcia Al Qahera News. A movimentação ocorre após meses de pressão internacional e sucessivos alertas de agências humanitárias sobre a escalada da fome no enclave palestino.
O exército de Israel declarou que corredores humanitários serão abertos para permitir a passagem segura de comboios da Organização das Nações Unidas (ONU) que transportam alimentos, água e medicamentos. Também foram anunciadas pausas temporárias nos combates em áreas densamente povoadas para viabilizar a entrega da ajuda. Mais cedo neste domingo, caminhões com suprimentos estavam parados no lado israelense da passagem de Kerem Shalom, aguardando autorização para entrar em Gaza.
A decisão de ampliar o acesso humanitário ocorre em meio à crescente pressão de organizações internacionais. Cerca de 100 entidades alertaram para o avanço da fome, apontando que mais de 100 pessoas já morreram por desnutrição, entre elas muitas crianças. A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu a situação como uma “fome em massa causada pelo homem”.
Dados recentes do Unicef indicam que, entre abril e julho deste ano, 20.504 crianças foram internadas com desnutrição aguda na Faixa de Gaza. Destas, 3.247 apresentavam quadros graves, quase três vezes mais do que o registrado nos três primeiros meses de 2024.
Desde o início da guerra entre Israel e Hamas, em outubro de 2023, o controle da entrada de ajuda humanitária no território palestino tem sido rigidamente mantido pelas forças israelenses. Em março deste ano, a entrega de suprimentos foi totalmente bloqueada. Somente no final de maio, após nova onda de pressão internacional, foi criada uma força-tarefa com apoio dos Estados Unidos e de Israel para organizar a distribuição de ajuda.
A retomada parcial das entregas neste fim de semana é vista como um alívio momentâneo, mas organizações alertam que as medidas ainda são insuficientes diante da escala da crise humanitária que atinge mais de dois milhões de pessoas em Gaza.