
O ageísmo, ou preconceito baseado na idade, tornou-se um dos grandes paradoxos do nosso tempo: em uma era de avanços científicos, aumento da longevidade e maior diversidade de estilos de vida, ainda persiste a visão de que o envelhecer é sinônimo de perda, decadência e inutilidade. Essa mentalidade, por vezes sutil e quase sempre naturalizada, limita direitos e oportunidades. Gera impactos que ultrapassam o indivíduo e se espalham pelo tecido social.
Ageísmo é para os idosos o que o racismo é para grupos raciais e o sexismo é para as mulheres: um preconceito estrutural que limita direitos e oportunidades. A luta contra o estigma da idade é também a defesa da dignidade humana em todas as fases da vida.
Do ponto de vista prático, o ageísmo se manifesta de forma clara no mercado de trabalho e nos serviços. Pessoas mais velhas enfrentam dificuldades para se manter empregadas ou reinserirem-se em novas funções, mesmo quando possuem experiência e competência comprovadas. Esse desperdício de talentos não afeta apenas os indivíduos, mas a economia como um todo, que perde mão de obra qualificada e gera maiores custos sociais. No campo da saúde, o preconceito também cobra seu preço: sintomas muitas vezes são atribuídos genericamente “à idade”, atrasando diagnósticos e tratamentos adequados. Além disso, a forma como produtos e tecnologias são desenvolvidos frequentemente ignora as necessidades de quem envelhece, criando barreiras adicionais de exclusão.
Pode acontecer tanto contra idosos (a forma mais comum) quanto contra jovens. Alguns exemplos: No mercado de trabalho, quando empresas preferem contratar apenas pessoas mais jovens, mesmo que candidatos mais velhos tenham experiência e capacidade. No dia a dia, quando se assume que um idoso não entende de tecnologia ou que é “incapaz” de aprender coisas novas. Na mídia, quando a juventude é supervalorizada e o envelhecimento retratado apenas de forma negativa, como sinônimo de perda, doença ou inutilidade. A OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta que o ageísmo tem efeitos sérios: aumenta o isolamento social, pode prejudicar a saúde física e mental e até reduzir a expectativa de vida.
No entanto, talvez as consequências mais profundas sejam de ordem psicológica. Quando a sociedade insiste em associar a velhice à fragilidade, ao fardo ou à irrelevância, os próprios indivíduos acabam internalizando esses estigmas. O resultado é uma autoimagem negativa, marcada pela sensação de invisibilidade e desvalorização. Essa experiência pode alimentar quadros de ansiedade, depressão e isolamento social. Mais do que isso, o ageísmo não afeta apenas quem já é idoso: ele lança uma sombra sobre todas as idades, alimentando o medo do futuro e a recusa em aceitar o envelhecer como parte natural da vida.
Socialmente, o efeito é igualmente corrosivo. O preconceito contra a idade rompe laços entre gerações, dificultando a transmissão de saberes, histórias e valores que tradicionalmente passavam de pais e avós para filhos e netos. Com isso, fortalece-se uma cultura do descarte, na qual só o novo, o jovem e o produtivo têm lugar. A exclusão dos mais velhos de espaços de decisão e convivência reforça a ideia de que são cidadãos de “segunda categoria”. Ao mesmo tempo, essa marginalização gera sobrecarga para famílias e instituições, chamadas a cuidar de indivíduos que poderiam, em circunstâncias menos discriminatórias, continuar ativos e participativos na vida social.
O ageísmo pode acontecer tanto contra idosos (a forma mais comum) quanto contra jovens. Alguns exemplos: No mercado de trabalho, quando empresas preferem contratar apenas pessoas mais jovens, mesmo que candidatos mais velhos tenham experiência e capacidade. No dia a dia, quando se assume que um idoso não entende de tecnologia ou que é “incapaz” de aprender coisas novas. Na mídia, quando a juventude é supervalorizada e o envelhecimento retratado apenas de forma negativa, como sinônimo de perda, doença ou inutilidade.
No mundo contemporâneo, nenhum país está a salvo do ageísmo. Nas culturas orientais, tais como a chinesa, a japonesa e a indiana – nas quais a velhice é sinônimo de sabedoria e experiência de vida – o fenômeno é menos intenso, embora seus sinais já se mostrem presentes nessas sociedades. Pesquisas mostram que aqui no Brasil, o ageísmo pode ser observado nas mais diferentes áreas:
Na saúde – Idosos têm sintomas ignorados ou subestimados em consultas médicas, com diagnósticos apressados do tipo: “isso é da idade”. É muito comum também um menor acesso a certos tratamentos, quando profissionais de saúde assumem que “não vale a pena” investir em terapias mais avançadas para pessoas mais velhas.
Supor automaticamente que idosos não sabem usar celular, internet ou novas tecnologias.
Tratar pessoas idosas de forma infantilizada, como se fossem incapazes de tomar decisões.
No entanto, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV), trabalhadores acima de 50 anos representam mais de 25% da população ativa no Brasil, mas são justamente os que enfrentam maior dificuldade de reinserção no mercado.
Em suma, o ageísmo não é apenas uma injustiça contra os indivíduos que envelhecem; é um empobrecimento coletivo. Ao negar a dignidade e o valor de diferentes fases da vida, a sociedade desperdiça experiência, sabedoria e diversidade humana. Combater o ageísmo significa, portanto, não apenas proteger os direitos dos idosos, mas também redefinir a própria ideia de humanidade, reconhecendo que todas as idades têm algo a oferecer e que envelhecer, longe de ser uma derrota, é um processo de continuidade, aprendizado e contribuição.
Brasil 247