O gato-palheiro-do-pampa se confunde na natureza facilmente devido à sua cor parda. Mas não é a cor que faz o animal quase desaparecer. O sumiço é real. Não há mais do que entre 50 a 100 dele no mundo.
Os registros todos são no Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. Os menos de 100 existentes hoje estão por essas três regiões. Os cientistas, ao mesmo tempo em que tentam preservá-lo, batalham para conseguir avistá-lo. Não apenas porque ele se camufla bem, mas, justamente, por estar quase extinto.
O gato dos pampas, como também é chamado, é cada vez mais raro devido à perda de habitat, a incêndios, matança, atropelamentos, predação por cachorros e caça por retaliação (quando um fazendeiro, por exemplo, matam animais que tenham causado algum dano à sua criação).
A pelagem alongada e áspera do felino pampeiro fica entre amarelo e cinza, com listras pretas horizontais bem marcadas nas patas, e que são sua principal característica de diferenciação para outros gatos.
O pampeiro se alimenta de pequenos roedores e possui hábitos noturno e diurno. O peso pode chegar a quatro quilos, segundo a divulgação feita na época pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
Ana Rovedder, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Recuperação de Áreas Degradadas, da Universidade Federal de Santa Maria, explicou para uma publicação da Unisinos que o monitoramento do animal é um desafio. “Ele é um gato errante, um gato fantasma, ele não forma famílias e anda o tempo inteiro. E ele precisa do campo, não é um gato de floresta”.
Na mesma publicação, o zoólogo Fábio Mazim, lembrou que a espécie prefere campos que não sejam rasteiros mas que também não tenham muitos arbustos. E que lugares assim são cada vez mais raros. “Hoje restam só em torno de três milhões de hectares desse campo, sendo que ele sofre muito impacto”, disse na época.
O especialista diz que em mais de 100 anos, foram feitos pouco mais de 200 avistamento do raro felino, o que não dá nem 2 a cada ano.
Essa semana, ele publicou em sua rede social um flagrante da rara espécie e escreveu: “Pela primeira vez é registrado por armadilha fotográfica um filhote de gato-palheiro-pampeano (Leopardus munoai). É filho (a) da nossa Pachamama, capturada em junho de 2024. Dia histórico para a Ciência, para o Pampa, para nossa equipe e sobretudo para o gato-palheiro-pampenano”.
Outro avistamentos noticiado foi em 2023, em uma área de preservação ambiental de Santana do Livramento (RS). O gato pampeiro atravessava uma estrada quando foi fotografado. O pampa, habitat do animal, foi o bioma brasileiro que mais perdeu vegetação nativa entre 1985 e 2021, quando mais de 3 milhões de hectares deram lugar à agricultura e silvicultura, uma perda de 29,5% de vegetação.