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Saneamento: uma engrenagem feita com a ajuda de todos.

Cheiro forte, crianças doentes e o incômodo que dificultava as pessoas sentarem na porta de casa. Esses são alguns dos inúmeros relatos compartilhados pela Maria da Paixão, Técnica de Enfermagem que por 10 anos conviveu com problemas por conta da falta de saneamento básico no seu bairro.

Esse problema vivido pela Dona Paixão ainda é a realidade não só de teresinenses e muito menos de uma pequena parcela de brasileiros, mas sim de 90 milhões de cidadãos que não possuem acesso à coleta de esgoto, como afirma dados recentes de 2024 divulgados pelo Instituto Trata Brasil, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público.

Esgotamento sanitário nada mais é que a coleta, transporte, tratamento e disposição final do esgoto com propósito único de evitar a contaminação do meio ambiente, como também a propagação de doenças. Essa ausência de saneamento resulta em diversos danos ao meio ambiente e a saúde das pessoas.

Rua do Parque Vitória, zona sul de Teresina. Foto: Renato Bezerra)

A história descrita pela Dona Paixão vai além da impossibilidade de sentar na porta de casa. A falta de esgotamento sanitário atinge a natureza em geral.

“O lançamento de esgoto nos rios, provoca danos irreversíveis na fauna e flora aquática. Aqui no Rio Poti, geralmente fica com aguapés. No Rio Parnaíba, a ausência de saneamento provoca danos que chegam ao Delta do Parnaíba, maior Delta a céu aberto das Américas.” Esse alerta foi feito pelo Ambientalista Dionísio Carvalho, estudioso da área que há anos dedica-se no estudo a natureza.

Galeria na zona sul – Bairro Areias(Foto: Renato Bezerra)

O Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (SNIS), ligado ao Ministério das Cidades, é responsável por acompanhar os investimentos e avanços do país no que diz respeito ao abastecimento e saneamento público em todo o território nacional. Segundo dados divulgados pelo SNIS em 2022 e com o aprofundamento de pesquisas recentes como a feita pelo Instituto Trata Brasil, foi possível construir o ranking do saneamento das cidades brasileiras em 2024.

Fazendo um recorte territorial para melhor visualização da cidade de Teresina, nota-se que ainda é preciso fazer muito. A cidade do Nordeste mais bem colocada nesse raking é Salvador, ocupando o 47º lugar. Teresina, nessa pesquisa de saneamento, ocupa o 80º lugar, atrás de cidades nordestinas como Natal (64º), Fortaleza (68º) e Recife (76º).

Rua sem saneamento – Bairro Parque Vitória, zona sul de Teresina. (Foto: Renato Bezerra)

“O saneamento básico é muito importante e já deveria ter sido feito há muitos anos, mas a gente está vendo agora um avanço no saneamento de Teresina. A Águas de Teresina está dando todo o suporte para tentar resolver esse gargalo, correndo contra o tempo, antes do período chuvoso”, afirma Dionísio.

Mudança de vida.
Teresina tem tomado a cada dia mais notoriedade com o avanço do saneamento público na capital. Segundo dados da Águas de Teresina, concessionária que desde 2017 administra o abastecimento de água e tratamento de esgoto na cidade, a capital do Piauí contava com aproximadamente 19% de rede coletora de esgoto. Hoje a cidade conta com 60% de rede coletora de esgoto.

Estação de Tratamento de Águas – ETA SUL( Foto:Daniel Carvalho)

Um dos bairros contemplados com a ampliação da rede coletora de esgoto é o Vale do Gavião, na zona leste de Teresina. Maria da Paixão, personagem que compartilhamos no início dessa matéria, hoje comemora a mudança de vida proporcionado pela chegada do saneamento básico em seu novo bairro.

Maria da Paixão, moradora no Residencial Sigefredo Pachêco (Foto: Renato Bezerra)

Aqui nós não nos deparamos com esgoto a céu aberto”

Moradora do Residencial Sigefredo Pachêco, na região do Vale do Gavião, Paixão explica como era conviver com esgoto a céu aberto e como é viver em um bairro onde há esgotamento.

“Eu moro aqui já faz 07 anos. Morei 10 anos no Satélite, [bairro da zona leste da cidade], e lá não tinha saneamento. Era esgoto a céu aberto. A gente percebia que era tudo desestruturado. O esgoto era a céu aberto, acumulava água e os resíduos da pia acabava que atrapalhava o escoamento da água atraindo mosquitos. Hoje eu vejo que a presença de um saneamento melhorou na minha saúde e na saúde, principalmente das crianças. Eu lembro que na época que morei lá no Satélite, as crianças da minha casa adoeciam com frequência. Doenças como diarreia, vômito. Hoje eu tenho uma água de qualidade para beber, vejo o tratamento com as águas do esgoto sanitário e aqui nós não nos deparamos com esgoto a céu aberto”, explica Paixão.

Maria da Paixão, comemorando a qualidade do fornecimento de água. (Foto: Renato Bezerra)

520 mil teresinenses contam hoje com esgotamento sanitário em seus bairros

Dona Paixão soma-se aos 520 mil teresinenses que contam hoje com esgotamento sanitário em seus bairros, o que representa 760km de rede de esgoto por toda a capital.
Mesmo sendo um compromisso gigantesco para o benefício geral da população, o trabalho para a mudança parte também da iniciativa individual de cada morador das residências da cidade, como explica a Nayara Dumont, Coordenadora de Engenharia da Águas de Teresina.

Nayara Dumont , Coordenadora de Engenharia da Águas e Teresina. (Foto: Renato Bezerra)

Até 2028 a meta é chega a 80% do índice de cobertura de rede esgoto

“É notório o nosso avanço quanto aos índices de cobertura de esgoto. Até 2028 nós chegaremos a 80% do índice de cobertura, melhorando a qualidade de vida dos teresinenses. Para que o avanço seja ainda mais benéfico de maneira igualitária e eficaz, é fundamental que as pessoas se interliguem à rede de esgoto, para que os benefícios do esgotamento sanitário possam ser contemplados por todos. O saneamento é uma construção feita por várias mãos, então todos têm que contribuir!”, explica.

Para que haja essa total interligação Nayara avança didaticamente. “A Águas de Teresina passa na porta da casa com a rede de esgoto e deixa ,a calçada de cada residência um TIL (Terminal de Inspeção de Limpeza) e o morador tem que fazer a sua ligação de toda a rede de esgoto da casa até o TIL”, pontua.

Temas como esse, da coleta de esgoto, mostra um dos desafios brasileiros que seguirão sendo realidade em muitos locais, porém com força de vontade, investimento e atenção do poder público e da iniciativa privada, além da participação de cada cidadão, proporcionarão em benefícios comum para todos.

Colaboradores da Águas de Teresina na ETA Sul. ( Foto:Daniel Carvalho)

Por: Daniel Carvalho e Renato Bezerra

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