A piauiense morava no Pará e há sete meses veio para Brasília na tentativa de arrumar um emprego e mudar de vida. Keila começou a trabalhar em uma loja de utensílios do lar na Feira dos Importados e foi lá que conheceu Izaquiel, por meio de um amigo em comum. “Não era um relacionamento sério. A gente (família) o viu apenas uma vez e ele não levantou qualquer suspeita”, contou, ao Correio, uma parente da vítima, que preferiu não se identificar.
Segundo um ex-patrão de Keila, que também preferiu não se identificar, ela trabalhava como funcionária de serviços gerais e era conhecida por ser discreta e reservada. “Ela trabalhou normalmente no dia anterior e, em vez de voltar para Valparaíso, onde morava, ficou aqui”, relatou. Ela passou a noite com o suspeito, que morava em um barraco nos fundos do galpão.
Apesar de sua postura tranquila, Keila carregava as marcas de uma relação abusiva. “Ela chegou a aparecer com um olho roxo. Havia relatos de que ele batia nela”, afirmou o ex-patrão. Pessoas próximas descreveram Keila e Izaquiel como “muito reservados” e mencionaram que ela não costumava compartilhar os problemas pessoais.
O crime
Na noite de domingo, Keila enviou uma mensagem à irmã dizendo que não dormiria em casa e que, provavelmente, passaria a noite com Izaquiel. A mulher teria ido ao galpão do SIA, onde morava o suspeito. Segundo testemunhas, houve uma briga entre o casal e Keila foi morta no local.
O autor foi encontrado em uma passarela do Cruzeiro Novo, por volta das 11h de ontem, tentando tirar a própria vida, e confessou o feminicídio aos socorristas do Corpo de Bombeiros (CBMDF), que impediram o suicídio. Após o resgate, o homem foi levado ao hospital, pois havia ingerido uma alta dose de medicação. A Polícia Militar seguiu para o galpão no SIA e encontrou a vítima morta, com sinais de asfixia.
O caso é investigado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) I, na Asa Sul. Ao longo do dia de ontem, a polícia colheu os depoimentos de várias pessoas, inclusive, da irmã da vítima e de funcionárias que trabalhavam com ela. Este é o 23º caso de feminicídio registrado no DF em 2024. O enterro da vítima deve ocorrer no Piauí, onde mora a maioria dos parentes.
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