O comandante da divisão de armas químicas do Exército russo morreu em uma explosão nesta terça-feira (17) em Moscou, em um ataque reivindicado pelo Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU), segundo uma fonte da instituição.
“O comandante das forças russas de defesa radiológica, química e biológica, Igor Kirilov, e seu auxiliar morreram na explosão”, informou um comunicado divulgado pelo Comitê de Investigação da Rússia, responsável pelos inquéritos mais importantes do país.
Algumas horas depois, uma fonte do SBU declarou à AFP que o Serviço de Segurança da Ucrânia foi responsável pela explosão.
“O atentado com bomba perpetrado hoje contra o tenente-general Igor Kirilov, comandante das forças de defesa radiológicas, químicas e biológicas das Forças Armadas russas, foi uma operação especial do SBU”, afirmou a fonte.
A entrada do edifício sofreu danos consideráveis e as janelas de vários apartamentos quebraram, segundo imagens divulgadas pela imprensa russa.
Os investigadores seguiram para o local e iniciaram análises para estabelecer “todas as circunstâncias” do incidente, segundo o comitê.
“Um crime sem precedentes foi cometido em Moscou”, afirma o site do jornal Kommersant, que destaca que Kirilov “não era o comandante mais importante envolvido na operação especial russa” na Ucrânia.
“Mas foi ele quem falou durante as sessões informativas sobre os laboratórios de armas biológicas na Ucrânia”, dos quais a Rússia acusou os Estados Unidos, lembrou o Kommersant.
Punição “sem piedade”
A fonte do SBU ucraniano afirmou que “Kirilov era um criminoso de guerra e um alvo absolutamente legítimo, porque ordenou o uso de armas químicas proibidas contra os soldados ucranianos”.
A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, lamentou no Telegram a perda de um “general corajoso que nunca se escondeu nas costas dos demais” e lutou “pela pátria mãe e pela verdade”.
Por sua vez, o vice-presidente do Conselho da Federação, a Câmara Alta do Parlamento russo, Konstantin Kosashev, prometeu no Telegram que “os assassinos serão punidos, sem nenhuma dúvida e sem piedade”.
Kirilov, que estava no cargo desde 2017, foi objeto de sanções do Reino Unido em outubro pelo suposto uso de armas químicas na Ucrânia. Ele é o oficial militar russo de maior escalão que morreu em Moscou desde o início da ofensiva do Kremlin na Ucrânia, há quase três anos.
Segundo o governo britânico, Kirilov e sua unidade ajudaram a “enviar as armas bárbaras” para a Ucrânia, o que Moscou nega.
Reino Unido e Estados Unidos acusam a Rússia de usar o agente tóxico cloropicrina contra as forças ucranianas, uma violação da Convenção sobre Armas Químicas.
A Rússia afirma que não tem mais um arsenal de armas químicas, mas o país foi pressionado a ser mais transparente sobre o uso de armas tóxicas.
Em junho, a Ucrânia acusou a Rússia de intensificar os ataques na linha de combate com produtos químicos proibidos. Em novembro, o país registrou mais de 700 casos de utilização.
O assassinato desta terça-feira aconteceu um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, elogiar o avanço de suas tropas na frente de batalha no final de um ano “crucial”.
O Exército russo avançou no leste da Ucrânia em seu ritmo mais acelerado desde as primeiras semanas da ofensiva, iniciada em fevereiro de 2022.
Rússia e Ucrânia tentam melhorar suas posições no campo de batalha antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu acabar com o conflito.
IG