A análise de um mineral presente no meteorito marciano “Beleza Negra” revelou vestígios de água em Marte que datam de 4,45 bilhões de anos. Segundo cientistas, este grão de zircão pode ser a evidência mais antiga de água quente no planeta, sugerindo a existência de ambientes como fontes termais, similares aos que favoreceram o surgimento da vida na Terra. Essa descoberta reforça observações anteriores sobre rios e lagos que já existiram no planeta e abre caminhos para investigar sua habitabilidade no passado.
O estudo, publicado na Science Advances, focou em um único grão de zircão encontrado no meteorito, ejetado de Marte entre 5 milhões e 10 milhões de anos atrás. A análise mostrou que a água estava presente apenas 100 milhões de anos após a formação do planeta, em um período comparável às primeiras evidências de água na Terra. Jack Gillespie, autor principal, destacou que isso oferece novas pistas sobre a evolução planetária marciana e seu potencial para sustentar vida.
Meteoritos como o “Beleza Negra” são verdadeiros baús de segredos sobre Marte, contendo informações sobre sua história geológica. Durante o estudo, foram identificados traços de ferro, sódio e alumínio no zircão, indicadores de que fluidos ricos em água interagiram com o mineral enquanto ele crescia. Esses padrões são semelhantes aos de zircões terrestres formados em sistemas hidrotermais, o que fortalece a hipótese de que Marte já teve água líquida na superfície e condições habitáveis.
A análise de rochas marcianas no futuro pode ampliar o conhecimento sobre o período pré-Noachiano, quando a crosta do planeta estava se formando. Cientistas como Aaron Cavosie e Briony Horgan enfatizam a importância de coletar mais dados e amostras diretamente de Marte para entender melhor como o planeta perdeu seu campo magnético e sua água. Até lá, meteoritos como o “Beleza Negra” continuam sendo janelas essenciais para o passado marciano.
Fonte: CNN