
Mensagens obtidas pela coluna UOL Prime, de Fábio Serapião, mostram que Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como Beto Louco, providenciou a entrega de canetas de Mounjaro — medicamento usado para emagrecimento então restrito e vendido no mercado paralelo — ao senador Davi Alcolumbre(União Brasil-AP), atual presidente do Senado Federal. Procurado, Alcolumbre não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Entrega ocorreu antes da liberação do Mounjaro no Brasil
As mensagens analisadas são de agosto de 2024, período em que Alcolumbre despontava como principal nome para suceder Rodrigo Pacheco na presidência do Senado. Naquele momento, o uso do Mounjaro para emagrecimento ainda não era autorizado pela Anvisa — a liberação ocorreria apenas em junho de 2025.
Um dia antes das conversas, em 5 de agosto, Alcolumbre e Beto Louco participaram de um almoço na casa de Antonio Rueda, presidente nacional do União Brasil, em Brasília, para celebrar seus 49 anos. Segundo relato feito ao UOL, o senador comentou com os presentes a dificuldade que ele e outros parlamentares enfrentavam para comprar as canetas de Mounjaro no Brasil.
Beto Louco então afirmou ter acesso ao medicamento por meio de uma mulher chamada Franciele, que viajava com frequência a Dubai e trazia unidades ao país. Ele prometeu ao senador providenciar as canetas rapidamente.
Motorista organizou entrega
Nas conversas do dia 6 de agosto, o empresário avisa a um motorista particular de Brasília — que pediu ao UOL para não ser identificado — que precisará de seus serviços para buscar um “medicamento” que chegaria à capital com um contato vindo em voo comercial. O motorista demonstra familiaridade com o contexto e pergunta: “É para o Davi?”.
“Fala pra ele que tá entregue, tá tudo ok. O senador já tá até sabendo. Dei um jeito de falar com ele aqui que recebi, já tá entregue.”
Quatro minutos depois, Beto Louco agradece ao motorista pela entrega.
Em conversa gravada com o UOL, Janduí confirmou ser o autor do áudio, disse lembrar da entrega e afirmou conhecer o motorista que intermediou o trabalho para o empresário.
Senador não responde; defesa nega ligação com PCC
A reportagem questionou Alcolumbre, por meio de sua assessoria, sobre sua relação com Beto Louco, o pedido pelo Mounjaro, se o medicamento era para ele ou para outros senadores e se tinha conhecimento das investigações sobre o empresário. Não houve resposta até a publicação desta reportagem.
A defesa de Beto Louco disse desconhecer os fatos relatados e negou qualquer vínculo do empresário com o PCC. “Não existe nenhuma evidência probatória que dê liame a essa falsa alegação”, afirmou.
As investigações seguem em curso na Polícia Federal.
Com informações do UOL






