
O fortalecimento do empreendedorismo LGBTQIA+ ganhou destaque em evento realizado com apoio do Sebrae, reunindo empreendedores de três estados brasileiros. Para Marialva Santana, vice-presidente do Grupo Matizes, a iniciativa é uma oportunidade de ampliar a visibilidade de pequenos negócios conduzidos por pessoas da comunidade, além de promover a troca de experiências e enfrentar os desafios específicos desse público no mercado de trabalho.
Segundo Márcio Borges, gestor nacional de inclusão e diversidade do Sebrae, a instituição vem adotando desde 2023 uma política nacional voltada à diversidade, equidade, inclusão e pertencimento, conhecida como EPP. A partir dela, foi criada uma unidade dedicada ao empreendedorismo feminino, diversidade e inclusão, responsável por desenvolver diretrizes e programas específicos.
O Sebrae sempre atendeu a todos os públicos, mas essa política foi um marco para nacionalizar ações direcionadas. No ano passado, realizamos a primeira pesquisa do mundo voltada exclusivamente para empreendedores LGBTQIA+, o que nos permitiu identificar barreiras importantes, como a dificuldade de acesso ao mercado de trabalho. Muitos acabam buscando o empreendedorismo mais por necessidade do que por oportunidade, explicou Márcio Borges.
Ele também ressaltou o potencial econômico da comunidade. Apenas no ano passado, o chamado Pink Money, ou seja, o poder de consumo da comunidade LGBTQIA+, movimentou mais de R$ 15 bilhões no Brasil. Esse público é economicamente potente, e o Sebrae busca apoiá-lo para fomentar a economia nacional, afirmou.
Empreender como solução para prosperar
A palestrante Gabriela Augusto levou ao evento uma reflexão sobre os caminhos do empreendedorismo como ferramenta de transformação social. Para ela, abrir espaço para diversidade não é apenas uma questão de representatividade, mas também de fortalecimento do ecossistema de negócios.
O empreendedorismo pode ser uma solução para grupos sub-representados, como a população LGBT, conquistarem visibilidade, prosperidade e respeito. É fundamental ampliar a igualdade de oportunidades, para que ninguém seja discriminado pela cor da pele, orientação sexual ou identidade de gênero, afirmou Gabriela Augusto.
Ela ainda destacou a importância de persistência e união. Nós, enquanto LGBTs, temos vivências e visões de mundo que agregam muito à sociedade e aos negócios. Mas precisamos também criar redes de apoio para expandir nosso impacto e alcance, completou.
Feira como ponto de partida
A feira funcionou como espaço de fortalecimento de pequenos negócios liderados por pessoas LGBTQIA+, oferecendo um ambiente de troca de experiências e de incentivo à formalização.
Pesquisas recentes mostram que, para dois terços da população LGBT, o empreendedorismo é muitas vezes a alternativa diante da discriminação recorrente em ambientes de trabalho formais. Essa feira é um pontapé para apoiar quem quer empreender e garantir visibilidade a esses negócios, destacaram os organizadores.
O evento, marcado pelo diálogo e pela valorização da diversidade, reforçou que apoiar o empreendedorismo LGBTQIA+ significa não apenas fomentar a economia, mas também construir um futuro mais justo, inclusivo e respeitoso.