Dois anos de imersão no sertão do Piauí resultaram em um trabalho inédito sobre a Lezeira, dança afro-indígena de origem secular que resiste em comunidades quilombolas e rurais do estado. Esse mergulho cultural deu origem ao livro “Vamô Vadiá Nesta Lezeira”, dos pesquisadores Eduardo Pontin e Francisca Sousa, que acaba de ser anunciado entre os dez semifinalistas do Prêmio Jabuti 2025, na categoria Artes.
Pesquisa e tradição oral
A obra é fruto de uma ampla pesquisa de campo, que reuniu depoimentos de mais de 150 mestres e brincantes da Lezeira. O resultado é um registro literário, fotográfico e sonoro que documenta a riqueza dessa expressão popular, hoje ameaçada pela perda de espaço nas novas gerações.
Experiência sensorial
Além dos textos e entrevistas, o livro se destaca pela forma inovadora de aproximar o leitor do universo da Lezeira. São mais de 150 fotografias autorais que revelam a força dos gestos, dos rostos e do cotidiano dos guardiões da tradição.
Um estúdio itinerante foi montado durante a pesquisa, gravando seis álbuns digitais com cantigas e sons das rodas realizadas em terreiros de chão batido. Esses registros estão disponíveis por meio de QR codes espalhados pelas páginas, permitindo ouvir as músicas enquanto se acompanha as letras das canções.
Preservação cultural
O trabalho se encerra com a compilação de mais de mil quadras da tradição oral brasileira, compondo um verdadeiro acervo para garantir que esse patrimônio cultural não se perca com o tempo.
Com essa combinação de poesia, música e imagem, “Vamô Vadiá Nesta Lezeira” não apenas celebra uma manifestação ancestral, mas também reafirma a importância da preservação da memória cultural brasileira.
