
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou em Nova York no domingo (21) para participar da 80ª Assembleia Geral da ONU. Ele fará a abertura oficial do encontro nesta terça-feira (23). Será a décima vez que Lula discursará na Assembleia. A única ausência ocorreu em 2010, no fim de seu segundo mandato.
O texto do pronunciamento ainda não foi concluído. O Planalto optou por manter a versão final em aberto até os últimos instantes para que Lula possa ajustar a fala de acordo com as movimentações dos Estados Unidos.
Nesta segunda-feira (22), Washington anunciou novas sanções contra o Brasil, incluindo a esposa do ministro Alexandre de Moraes, relator das ações sobre a tentativa de golpe de 2023. Também está em vigor a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, medida que, somada às punições contra autoridades nacionais, é considerada a pior crise entre os dois países em mais de dois séculos.
Setores bolsonaristas já aguardavam que os EUA adotassem novas medidas durante a presença de Lula em Nova York. O presidente tem retorno a Brasília previsto para quarta-feira (24), após os compromissos oficiais.
Na semana passada, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, declarou que o estado de direito no Brasil estaria em colapso depois da condenação de Jair Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão. Ele adiantou que os Estados Unidos poderão anunciar novos passos contra o país nos próximos dias.
Na ONU, Lula deve reforçar a defesa da soberania e da democracia brasileiras. Apesar de ser alvo direto da gestão Trump, a expectativa é que o presidente evite citá-lo nominalmente.
O discurso de Lula será feito pouco antes da fala de Donald Trump, que retorna à Assembleia em tom considerado mais agressivo. Diplomatas avaliam que o republicano pode citar o Brasil ou Bolsonaro em seu pronunciamento.
Nos bastidores, existe a possibilidade de um encontro casual entre Lula e Trump, mas auxiliares da Presidência avaliam que, no máximo, poderia haver um aperto de mãos. Nenhum dos lados solicitou reunião bilateral.
Além da abertura da Assembleia, o Brasil organiza, em conjunto com Chile, Espanha, Colômbia e Uruguai, a segunda edição do fórum Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo, que acontecerá na quarta-feira (24). Desta vez, os Estados Unidos ficaram de fora, diferentemente do ano passado, quando ainda sob Joe Biden participaram do evento.
Segundo o governo brasileiro, não seria coerente convidar Washington em um momento em que a Casa Branca questiona a democracia no Brasil e impõe sanções contra o país.