
O ex-prefeito de Teresina, Dr. José Pessoa Leal, foi indiciado pela Polícia Civil do Piauí por associação criminosa e inserção ou exclusão indevida de dados em sistemas de informação. O indiciamento é resultado da Operação Reset, deflagrada em julho de 2025, que apurou o cancelamento irregular de 2.419 multas de trânsito registradas na Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans) entre fevereiro e junho de 2024.
A investigação revelou que servidores da Strans utilizavam o sistema RADAR para cancelar multas sem qualquer procedimento legal. O principal executor das fraudes foi Lucas da Rocha Lima, então gerente de Gestão de Trânsito e nomeado por Dr. Pessoa. Ele excluiu 1.628 multas, representando 73% do total, causando um prejuízo estimado em R$ 367.486,64 aos cofres públicos e afastando 9.046 pontos das carteiras de habilitação dos motoristas infratores.
Outros envolvidos no esquema foram Witalo de Sousa Santos, que cancelou 333 multas, e Lídia Maria Felix Carvalho da Costa, com 254 infrações anuladas, ambos agindo sob ordens de Lucas da Rocha Lima. A investigação também identificou que Bruno Migliano Pessoa, sobrinho de Dr. Pessoa e ex-superintendente da Strans, foi beneficiado pelo esquema, assim como Daniel Lima Araújo, ex-gerente de Gestão de Trânsito, cujo veículo e de sua esposa tiveram multas canceladas de forma irregular.
O delegado Ferdinando Martins, responsável pela investigação, concluiu que as fraudes foram realizadas para beneficiar um grupo restrito de motoristas, com plena ciência e participação dos dirigentes da Strans. O relatório afirma que “ficou demonstrada a autoria direta das condutas delitivas” e comprova a materialidade dos crimes.
O indiciamento de Dr. Pessoa e outros envolvidos representa um marco na luta contra a corrupção no Piauí, evidenciando o uso indevido de cargos públicos para benefícios pessoais e políticos.