PUBLICIDADE

Terminal de Integração do Parque Piauí expõe crise do transporte coletivo em Teresina

Prometido como ponto de modernização do transporte, o Terminal do Parque Piauí hoje simboliza o abandono da integração em Teresina.

Em 2019, Teresina inaugurou o sistema de integração de terminais urbanos com a promessa de revolucionar a mobilidade. Oito terminais foram projetados para conectar linhas troncais e alimentadoras, garantindo rapidez, conforto e redução do tempo de espera.

Seis anos depois, a realidade é diferente. Auditoria do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI), que analisou o período de 2014 a 2022, apontou falhas graves: terminais construídos, mas não ativados; integração que não cumpriu os objetivos; filas e atrasos que permanecem; e um sistema de bilhetagem com falhas de segurança e transparência.

Parque Piauí como símbolo do abandono

O Terminal do Parque Piauí, na zona Sul, tornou-se um retrato do descaso. O espaço inaugurado para receber centenas de passageiros diariamente hoje está depredado. Portas e janelas foram arrancadas, banheiros estão destruídos, encanamentos quebrados, sujeira se acumula e não há vigilância.

A estrutura, que deveria oferecer abrigo contra sol e chuva, transformou-se em um espaço ocioso, inseguro e sem função pública clara.

Déficit crescente no transporte

O sistema de transporte de Teresina também enfrenta crise financeira. Em 2020, o custo total da operação foi de aproximadamente R$ 125,7 milhões, enquanto a arrecadação ficou em R$ 85,4 milhões, gerando um déficit de R$ 40,3 milhões.

A chamada tarifa técnica, calculada pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT), já ultrapassa R$ 11, valor quase três vezes superior à tarifa paga pelos usuários, mantida em R$ 4 há anos.

Para tentar equilibrar o sistema, a Prefeitura tem repassado subsídios milionários: em 2019, foram cerca de R$ 12 milhões; em 2020, com a queda da demanda provocada pela pandemia, o valor saltou para R$ 36 milhões. Mesmo assim, as queixas dos passageiros se multiplicam.

A frustração dos usuários

A avaliação social é negativa. Usuários seguem esperando longos períodos nos pontos, expostos ao sol e à chuva, enfrentando ônibus lotados e estruturas precárias.

A promessa de rapidez e conforto não foi cumprida. O sentimento predominante é de desperdício de recursos públicos, já que a cidade dispõe de terminais modernos no papel, mas inutilizados na prática.

Caminhos possíveis

Entre as recomendações apresentadas por auditorias, especialistas e debates públicos estão a reativação e manutenção imediata dos terminais existentes, com serviços de limpeza e vigilância; a realização de auditoria detalhada sobre custos de construção, operação e abandono; a participação social para discutir alternativas de uso dos terminais; maior clareza de responsabilidades entre Prefeitura, SETUT, STRANS e órgãos de fiscalização; além da avaliação de parcerias público-privadas para gestão ou exploração parcial dos terminais, sem perda de sua função pública.

Entre promessas e realidade

O caso do Terminal do Parque Piauí sintetiza o colapso da integração em Teresina: dinheiro investido, estrutura erguida, mas sem utilidade prática para quem mais precisa, o usuário.

A crise dos terminais de integração revela não apenas falhas de gestão, mas também o desafio urgente de repensar o transporte coletivo da capital. Enquanto isso, os passageiros seguem pagando a conta com tempo, desconforto e insegurança.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!

PUBLICIDADE

RECENTES

MAIS NOTÍCIAS