
Só nos primeiros dez dias de setembro, o Corpo de Bombeiros recebeu mais de 360 chamadas de emergência; situação em Teresina e municípios do interior é considerada crítica.
O Piauí enfrenta uma das piores ondas de incêndios em vegetação dos últimos anos. De acordo com o Corpo de Bombeiros, apenas nos dez primeiros dias de setembro, a central de comunicações do número 193 registrou cerca de 360 ligações, sendo a maior parte relacionada a queimadas e focos de fogo em áreas de mata e terrenos baldios.
A situação se agravou no dia 3 de setembro, quando, em um único plantão, foram contabilizadas 176 ligações. A alta demanda tem pressionado o trabalho das equipes de combate, que precisam se dividir entre ocorrências simultâneas em diferentes regiões.
Na capital, o cenário é ainda mais preocupante. Em agosto, Teresina concentrou mais de 480 registros de incêndios, com os bombeiros atuando na eliminação de mais de 100 focos ativos e ocorrências de maior complexidade. Os episódios atingiram desde lixões e terrenos baldios até áreas de mata seca, exigindo esforço redobrado das equipes.
Além dos números, moradores de cidades do interior relatam o impacto direto da fumaça e das chamas na vida cotidiana. Em Nazária, o morador José Orlene descreveu um cenário de desespero:
“Aqui a situação está caótica, todo rodeado de fogo. Já teve transporte queimado, idosos passando mal e sendo levados para Teresina. A fumaça é tanta que a gente não consegue descansar. Estamos pedindo socorro.”
Segundo José, parte da comunidade tem tentado conter as chamas com o uso de aceiros improvisados, mas a dimensão do fogo tem superado os esforços. “É a primeira vez em 18 anos que vejo o fogo chegar dessa forma. Precisamos da presença mais rápida do Corpo de Bombeiros”, completou.
As causas ainda estão sob investigação. Embora a prática de queimar roça seja comum em algumas áreas rurais, moradores afirmam que não há lavouras sendo preparadas no momento, levantando a possibilidade de incêndios criminosos ou provocados por descuido humano.
Diante do avanço do fogo, autoridades reforçam a necessidade de denúncia imediata de queimadas ilegais e alertam para os riscos à saúde, especialmente de crianças e idosos, em razão da inalação da fumaça.