
Paleontólogos descobriram os restos mortais de Gaiasia jennyae, um predador tetrápode que viveu há cerca de 280 milhões de anos, muito antes dos dinossauros. Com uma cabeça de quase 60 centímetros de comprimento, dentes afiados e uma técnica de caça baseada em emboscadas, este animal desafia tudo o que sabíamos sobre a evolução dos grandes vertebrados. A descoberta foi publicada pela revista Nature, após três anos de pesquisa.


O fóssil foi encontrado nos antigos pântanos do supercontinente Gondwana, onde hoje é a Namíbia. Embora atualmente o país esteja em uma latitude semelhante a do sudeste brasileiro, durante o Período Permiano (entre 298 milhões e 252 milhões de anos atrás), essa região era uma mistura de geleiras e pântanos localizada mais próxima do que hoje é a Antártida, um ambiente extremo que abrigou essa criatura intrigante. Até agora, a maioria desses tetrápodes primitivos havia sido identificada em regiões do antigo equador, como a América do Norte ou a Europa.
De acordo com a National Giografic, a criatura tinha quase três metros de comprimento, com uma cabeça larga e achatada, sugerindo que ela espreitava em águas turvas de pântanos, emboscando presas com suas enormes presas antes de sugá-las. Apesar da aparência intimidadora, os cientistas acreditam que não era uma criatura particularmente rápida.
Gaiasia jennyae recebeu o nome em homenagem à formação geológica Gai-As (local onde foi encontrado o fóssil) e à paleontóloga Jenny Clack, especialista em evolução de tetrápodes. De acordo com Sci News, a criatura está relacionada a outros animais extintos semelhantes a anfíbios, pertencentes à família Colosteidae. Esses animais são mais característicos de uma era ainda mais antiga e acredita-se que tenham sido substituídos por anfíbios e répteis mais modernos no Período Carbonífero Superior.
O estudo foi liderado por Claudia Marsicano, pesquisadora da Universidade de Buenos Aires. Marsicano explica que esta descoberta desafia muitas ideias anteriores sobre como e onde os primeiros predadores evoluíram. Ela afirma que a descoberta de um animal tão primitivo, ainda dominante em tempos posteriores, aponta para uma complexidade e dinâmica muito maiores no processo evolutivo do que se esperava anteriormente.
Segundo Marsicano, Gaiasia jennyae era “grande e abundante”. Aparentemente, a criatura era o principal predador em seu ecossistema. Segundo a pesquisadora, a descoberta deste fóssil no hemisfério sul indica a existência de um ecossistema próspero que fornecia sustento para esses enormes predadores.
IGN Brasil