
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta terça-feira (17) a realização de uma acareação entre o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A oitiva está marcada para a próxima terça-feira (24), às 10h, na sede do STF, em Brasília.
O encontro entre os dois réus tem como objetivo esclarecer divergências nos depoimentos prestados sobre a suposta tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), ambos integram o “núcleo crucial” da trama, responsável por liderar as ações golpistas.
A defesa de Braga Netto solicitou a acareação, alegando a necessidade de esclarecer dois pontos específicos levantados por Mauro Cid durante depoimento prestado ao STF no último dia 9: a acusação de que o plano intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de autoridades, teria sido discutido na residência do general; e a afirmação de que Braga Netto teria repassado dinheiro a Cid para financiar atos golpistas.
Atualmente preso, Braga Netto deverá comparecer presencialmente ao Supremo para o procedimento. No entanto, sua defesa pediu o adiamento da acareação para o dia 27, argumentando que o advogado José Luis Oliveira Lima se encontra em viagem internacional até o dia 26, o que impediria sua participação.
Outra acareação: Anderson Torres e Freire Gomes
Alexandre de Moraes também autorizou uma segunda acareação, entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes. O encontro foi agendado para o mesmo dia 24, às 11h.
O objetivo será esclarecer a declaração de Freire Gomes de que Anderson Torres participou de uma reunião em que o então presidente Bolsonaro apresentou às Forças Armadas a chamada “minuta do golpe”. Torres nega qualquer envolvimento com o encontro. Uma versão do documento foi encontrada posteriormente em sua residência.
Outras medidas
Além das acareações, Moraes determinou que o Comando da Marinha envie informações detalhadas sobre a movimentação de tanques ocorrida em agosto de 2021, durante a votação da proposta de voto impresso na Câmara dos Deputados. Também solicitou que o Google identifique o responsável pela inserção da “minuta golpista” em sua plataforma, como solicitado por Torres, que alega que o documento circulava na internet antes de ser localizado em sua casa.
Por outro lado, Moraes negou pedidos que considerou “protelatórios, irrelevantes ou impertinentes”, como a anulação do acordo de delação premiada de Mauro Cid e a solicitação para ampliar o prazo de análise dos materiais produzidos pela Polícia Federal.